Paula, a engenheira que transforma lixo em móveis

Na Oficina do Lixo dá-se uma nova vida a mobiliário abandonado e danificado. Paula transformou parte da sua casa num atelier cujo lucro ajuda a completar o orçamento

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Daniel Rocha

Foram as peças de mobiliário antigas que herdou da avó que lhe deram o clique. Paula Jorge tinha mudado de casa há pouco tempo e queria fugir à decoração corriqueira que encontrava em grandes superfícies. Mas a oferta era pouca e não lhe agradava.

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Foram as peças de mobiliário antigas que herdou da avó que lhe deram o clique. Paula Jorge tinha mudado de casa há pouco tempo e queria fugir à decoração corriqueira que encontrava em grandes superfícies. Mas a oferta era pouca e não lhe agradava.

“Queria peças diferentes e originais e na altura não havia muitas alternativas viáveis”, recorda. Daí à ideia de entrar em acção foi um passo: “Comecei por fazer umas transformações nas peças da minha avó, mas a coisa não corria muito bem e decidi fazer uma formação em restauro.”

A engenheira florestal pôs a empresa de espaços verdes que tinha criado com o marido em segundo plano e fez do lixo o seu laboratório.

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Mesa de centro feita a partir de caixas de vinho Oficina do Lixo

“Passei a andar sempre atenta. Via uma coisa no lixo e trazia... Até que se tornou um vício”, contou ao P3 a criadora da Oficina do Lixo, aberta desde 2009. O marido torcia o nariz, mas foi-se habituando. Paula Jorge, natural de Barcelos mas a viver agora no Estoril, encarava as coisas de outra forma: “Nunca me fez confusão. Gostava de alguma coisa e pegava. Se fosse pesado pedia ajuda a algum transeunte, ninguém se recusa a ajudar.”

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A Oficina do Lixo funciona na casa da engenheira florestal, no Estoril Daniel Rocha

De há dois anos para cá o lixo foi-se tornando menos proveitoso, nota a engenheira de 41 anos: “As pessoas já não deitam tantas coisas fora.” As lojas de venda em segunda mão e as doações de pessoas que contactam directamente Paula Jorge para oferecer peças tornaram-se também importantes para o negócio.

Um gavetão vendido por 400 euros

Um gavetão de um roupeiro transformado em mesa de centro foi a peça mais cara que já fez: “Vendi-a por quase 400 euros”, diz, acrescentando que está a preparar uma reedição da mesa. Mas os preços são variáveis: depende do tipo e do estado da peça e do restauro pretendido.

Paula tanto aceita receber peças para restaurar como vende peças que publicita no seu blogue e na página do Facebook. Para os amantes da arte há também workshops de três horas, aos fins de semana, por 35 euros, com todo o material incluído.

A principal ocupação? "Sim". A principal fonte de rendimento? "Nem por isso", sorri. "Ainda não dá para viver só disto. A empresa que montei com o meu marido e na qual ele continua ainda é a nossa principal fonte de rendimento."