Citizen:Kane na estreia da Fungo como editora
O projecto musical de Citizen:Kane estreia a Fungo Label esta quarta-feira, no bar Viking, em Lisboa
Há mais de dois anos que o colectivo Fungo planeava a extensão da sua actividade a áreas culturais mais abrangentes. Quais? A edição musical era uma delas. Uma vontade e desejo realizados agora com o lançamento do projecto a solo de música electrónica de Marco Guerra, ou Citizen:Kane (também ele colaborador da Fungo).
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Há mais de dois anos que o colectivo Fungo planeava a extensão da sua actividade a áreas culturais mais abrangentes. Quais? A edição musical era uma delas. Uma vontade e desejo realizados agora com o lançamento do projecto a solo de música electrónica de Marco Guerra, ou Citizen:Kane (também ele colaborador da Fungo).
Pronto a ser editado em formato digital, o álbum “Dogtooth” estreia a Fungo Label e é uma miscelânea de referências. Um álbum cujas sonoridades começaram a ser exploradas desde 2007, quando o músico descobriu “as enormes potencialidades do 'software' na música”, contou ao P3.
Marco especializou-se em dois "softwares" de produção e mistura de sons e foi produzindo faixa atrás de faixa. Chegou a editar alguns singles com uma produtora húngara, mas foi no final de 2012 que decidiu levar mais longe “a faceta de produtor musical”, sob o nome artístico de um filme que admira [de Orson Welles].
O músico reparou que alguns dos seus temas eram díspares, mas de certa forma homogéneos, pelo que poderiam resultar bem numa colectânea. E o resultado pode ser apreciado, hoje, no Viking, em Lisboa, a partir das 23h00.
Marco Guerra trabalhou neste álbum “entre Lisboa, Cartaxo e o Porto, no estúdio caseiro, no comboio, em quartos e em salas de estar”. Aos sintetizadores de sons antigos e de uma caixa de ritmos, constituídos sobretudo pela bateria e o baixo, juntam-se alguns ruídos retirados do Youtube, de forma quase aleatória.
Destes sons, os latidos e uivos dos caninos acabam por estar presentes em quase todas as faixas. Por isso, o músico decidiu nomeá-las com os cães dos desenhos animados ou outros cães que tivessem marcado a sua vida. Por exemplo, o single de apresentação, "Idefix/Odie", que vai ser lançado em vinil, faz referência aos cães de Obelix e Garfield, respectivamente. O próprio nome do álbum, traduzido literalmente, seria “Canino”, numa alusão cinematográfica ao filme de Giorgos Lanthimos.
Arte em Lisboa, no Cartaxo e no mundo
Apesar do gosto pela produção musical, esta não é a única actividade de Marco Guerra. Para além de colaborar com o colectivo Fungo, é também programador e gestor cultural no Cartaxo e colabora com o projecto Arte em Rede.
Responsável pela divulgação das mais variadas artes, especialmente na área da música e vídeo, a equipa da Fungo é constituída por sete profissionais das áreas do design, realização, representação, ilustração e música e com um artista filiado a viver na Argentina.
A “sede oficial” está localizada no Cartaxo, onde se iniciou recentemente a ligação às artes performativas, com o projecto "Regressar Leva Sempre Muito Tempo". Mas o centro de maior promoção e dinamização da Fungo é mesmo em Lisboa.
Um outro espaço de divulgação também aproveitado é o próprio site, onde o “header” serve para destacar, a cada quinze dias, um novo projecto, regra geral de artes plásticas.
O mesmo com os podcasts, a que o site oficial dedica o separador "Guerra dos Mundos" (em mais uma referência subtil à cinematografia de Orson Welles), onde se pode e deve “partilhar música de diferentes estilos e linguagens”. A mesma intenção que agora surge na face editorial do projecto, que “não vai estar preso a nenhum género musical: cada edição valerá por si própria sem ter que corresponder a uma linha”.