Obra para devolver foz ao rio Âncora custa 1,4 milhões de euros e avança em Setembro

Intervenção prevê a recuperação da duna dos Caldeirões, que foi danificada pelas marés-vivas das últimas semanas.

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Duna foi destruída pelas marés-vivas que têm assolado a costa ocidental portuguesa desde o início de Janeiro Renato Cruz Santos

As marés-vivas que têm assolado a costa ocidental portuguesa desde o início de Janeiro destruíram a duna dos Caldeirões – com cerca de sete metros de altura e quase 100 metros de comprimento  –  e mudaram a foz do rio Âncora várias centenas de metros para sul. A empreitada, que será executada entre Setembro e Dezembro, inclui a estabilização e protecção das margens do rio, a recuperação dos passadiços em madeira, a protecção da duna com paliçadas e a mobilização de areias na praia, entre outros trabalhos.

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As marés-vivas que têm assolado a costa ocidental portuguesa desde o início de Janeiro destruíram a duna dos Caldeirões – com cerca de sete metros de altura e quase 100 metros de comprimento  –  e mudaram a foz do rio Âncora várias centenas de metros para sul. A empreitada, que será executada entre Setembro e Dezembro, inclui a estabilização e protecção das margens do rio, a recuperação dos passadiços em madeira, a protecção da duna com paliçadas e a mobilização de areias na praia, entre outros trabalhos.

O projecto técnico para esta obra deverá estar fechado "entre Março e Abril" e o processo de contratação da empreitada estende-se até Agosto, disse à Lusa fonte da Agência Portuguesa do Ambiente. Entretanto, avançam de imediato as obras para a abertura de uma vala até ao mar, para permitir o escoamento de águas agora estagnadas face à nova foz do rio Âncora, assim como a consolidação das margens.

A intervenção será alvo de uma candidatura a uma nova linha de financiamento comunitário ao abrigo do Programa Operacional de Valorização do Território (POVT) no valor de 17 milhões de euros para obras urgentes em 29 concelhos do país afectados pelo mau tempo deste ano. Esta nova linha foi anunciada nesta terça-feira pelo ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, durante uma visita a Caminha. De acordo com o governante, o ministério identificou a necessidade de "acções urgentes de protecção de pessoas e bens" no litoral afectado pelo mau tempo das últimas semanas no valor de 28 milhões de euros, dos quais 11 milhões de euros já tinham cabimentação anterior.

"O Inverno ainda não terminou, os efeitos ainda se fazem sentir, mas não estivemos à espera que terminasse esta época para fazer este levantamento", apontou Jorge Moreira da Silva, que está hoje a visitar vários locais afectados pelo mau tempo ao longo da costa portuguesa. Nesta tarde, visita a praia de S. João da Caparica, em Almada, onde o cordão dunar recuou 20 metros desde o início de Janeiro.

Além de ameaçar várias habitações e um campo de futebol, a destruição da duna, segundo a autarquia de Caminha, representa "vários problemas estruturantes" para o local, como a salinização da área protegida do estuário ou a ameaça da próxima época balnear naquela freguesia. O presidente da Câmara defendeu ser "fundamental" repor até Junho algumas das condições na zona balnear de Vila Praia de Âncora, freguesia cuja economia depende do movimento turístico do Verão. "Depois, a intervenção mais robusta fica para Setembro e estou confiante que a vamos fazer", rematou Miguel Alves.

Obra na praia de Moledo avança em breve
No mesmo concelho, mas na praia de Moledo, também será reposto o cordão dunar. A obra já foi adjudicada por 400 mil euros e deve avançar “nos próximos dias”, tendo conclusão prevista para Junho, antes da próxima época balnear, afirmou Jorge Moreira da Silva. Essa era já a previsão do director da ARH Norte, Pimenta Machado, quando falou ao PÚBLICO em meados de Fevereiro.

A obra, lançada a concurso pela Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Norte em Maio de 2013, já é considerada uma intervenção urgente desde 2011, quando o mar ameaçou várias casas próximas da linha de costa. No entanto, a intervenção tem sido adiada, apesar de constar do Plano de Açcão de Protecção e Valorização do Litoral 2012-2015 e ter financiamento comunitário, que paga 85% do valor total.

A zona balnear de Moledo é um das mais procuradas do norte do país e a obra de recuperação da duna deverá decorrer durante mais de dois meses, envolvendo métodos inovadores para "mitigar o impacto paisagístico", disse à Lusa fonte ligada ao projecto.