Feira do Livro do Porto suspensa
Negociações entre a Câmara do Porto e a APEL foram interrompidas depois de declarações do presidente da associação que organiza o evento.
No início de Fevereiro, Paulo e Cunha Silva garantia ao PÚBLICO: “Vai haver feira do livro”. O vereador da Cultura de Rui Moreira apontava a realização do evento para “Julho” e avançava que o evento não iria regressar à Avenida dos Aliados, mudando-se para a Rotunda da Boavista. Além disso, Cunha e Silva mostrava-se satisfeito com “o grande processo negocial” que permitiria que, este ano, a câmara não comparticipasse financeiramente na realização do evento, oferecendo apenas o apoio logístico.
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No início de Fevereiro, Paulo e Cunha Silva garantia ao PÚBLICO: “Vai haver feira do livro”. O vereador da Cultura de Rui Moreira apontava a realização do evento para “Julho” e avançava que o evento não iria regressar à Avenida dos Aliados, mudando-se para a Rotunda da Boavista. Além disso, Cunha e Silva mostrava-se satisfeito com “o grande processo negocial” que permitiria que, este ano, a câmara não comparticipasse financeiramente na realização do evento, oferecendo apenas o apoio logístico.
As declarações de Cunha e Silva foram publicadas pelo PÚBLICO a 8 de Fevereiro e nunca foram desmentidas pela APEL. Contudo, na edição desta terça-feira do Correio da Manhã, João Alvim levantava dúvidas sobre a realização da Feira do Livro do Porto, dizendo-se surpreendido com o facto de o município não ir apoiar financeiramente a realização do evento.
Ao PÚBLICO, o líder da APEL confirmou que estava acordado com a autarquia a nova localização da feira, na Rotunda da Boavista, mas considerou que a realização do evento no Porto estava “longe de estar fechada”. Em concreto, o responsável da APEL disse não estar disponível para assinar um protocolo relativo apenas à Feira do Livro deste ano, que era o documento que a câmara estava a ultimar.
Alvim garantiu que a APEL estava disposta a aceitar que, este ano, o município não apoiasse financeiramente a feira, desde que assinasse um protocolo plurianual definindo uma comparticipação financeira para os próximos anos que, de alguma forma, compensasse “o esforço” suplementar que a associação iria fazer este ano. “Ou há um compromisso global para vários anos ou não há feira”, disse João Alvim, acrescentando: “Se a câmara não quiser assumir compromissos para o futuro, a APEL não tem condições para fazer uma feira sem saber se tem condições para a viabilizar.”
Questionado sobre a interpretação que dava às palavras de Paulo Cunha e Silva ao PÚBLICO, no início do mês, João Alvim referiu: “Deve ter sido qualquer mal-entendido. Eu não estive nas reuniões, mas as pessoas que participaram não estavam mandatadas para aceitar um acordo que não implicasse um apoio financeiro para os próximos anos”.
Em comunicado, a Câmara do Porto diz-se ela mesma surpreendida com as declarações de João Alvim e afirma que, “a 20 de Fevereiro, o secretário-geral da APEL comunicou por escrito à Câmara Municipal do Porto que iria anunciar oficialmente a data e o local da Feira do Livro no Porto, por ocasião da abertura das inscrições para a Feira do Livro de Lisboa”. No mesmo documento acrescenta-se: “As declarações do presidente da APEL hoje tornadas públicas sobre o assunto são, por isso, no mínimo, surpreendentes, impedindo a Câmara Municipal do Porto de prosseguir com o processo, porquanto representam uma grave quebra de confiança, senão entre as partes, pelo menos entre os representantes mandatados pela APEL para as negociações e o presidente da mesma associação”.
Confrontado com o comunicado do executivo de Rui Moreira, o presidente da APEL começou por reagir: “Então não há Feira do Livro no Porto”. João Alvim considerou como “um bocadinho abusiva” a referência da câmara à “quebra de confiança” e classificou a posição da autarquia como “uma certa falta de vontade” de realizar a feira, explicando: “O que o vereador disse [ao PÚBLICO a 8 de Fevereiro] não está em contradição com nada do que eu disse agora. Nós aceitamos as limitações de apoio para este ano, mas dissemos que era necessário chegar a um compromisso para vários anos e, até agora, nem sim nem não. A APEL faz a Feira do Livro este ano desde que haja um protocolo para vários anos. A câmara que nos envie esse protocolo e nós veremos que resposta damos.”
A Feira do Livro do Porto não se realizou, pela primeira vez, no ano passado, depois de um impasse negocial entre a APEL e a vereação de Rui Rio. Após o fim do protocolo, em 2012, entre as duas entidades que garantiu, durante quatro anos, um apoio municipal anual de 75 mil euros à feira, Rui Rio recusou-se a satisfazer a exigência da APEL de continuar a apoiar o evento nos mesmos moldes. Agora, depois de o regresso da iniciativa ter sido dado como certo, volta-se atrás e o Porto, aparentemente, ficará mais um ano sem Feira do Livro.