Assis quer "candidatura de aglutinação" que vá do centro-direita à esquerda do PS
Cabeça de lista às europeias acredita poder congregar descontentes do centro, centro-direita e esquerda. Primeiro dia das jornadas parlamentares do PS serviu para dizer "não" ao consenso pedido pelo Governo.
No final do primeiro dia das jornadas parlamentares do PS, que decorrem até esta terça-feira na Nazaré, o deputado socialista definiu os objectivos para a sua campanha eleitoral, que deverá incluir propostas para a promoção do “crescimento económico" e para a "manutenção do Estado social”. Matérias em que, frisou, “há capacidade de aglutinação” de vários sectores políticos que vão muito além da esfera socialista. “Nada disto é contraditório, há muita gente que se situa neste espaço”, assegura. E rejeitou a ideia de que o seu nome possa gerar anti-corpos mais à esquerda.“A minha candidatura é evidentemente do bloco central e estruturante da esquerda portuguesa”, garantira momentos antes, quando as televisões lembravam o seu posicionamento político.
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No final do primeiro dia das jornadas parlamentares do PS, que decorrem até esta terça-feira na Nazaré, o deputado socialista definiu os objectivos para a sua campanha eleitoral, que deverá incluir propostas para a promoção do “crescimento económico" e para a "manutenção do Estado social”. Matérias em que, frisou, “há capacidade de aglutinação” de vários sectores políticos que vão muito além da esfera socialista. “Nada disto é contraditório, há muita gente que se situa neste espaço”, assegura. E rejeitou a ideia de que o seu nome possa gerar anti-corpos mais à esquerda.“A minha candidatura é evidentemente do bloco central e estruturante da esquerda portuguesa”, garantira momentos antes, quando as televisões lembravam o seu posicionamento político.
São o “centro e centro-direita” que Assis refere em primeiro lugar. Para sustentar que, entre “os sociais-democratas”, há quem não se reveja no actual Governo. E, depois, “à esquerda, mesmo não coincidindo em tudo com o PS, tem que se perceber que é com o PS que se pode construir uma alternativa” ao actual estado do país.
Questionado sobre a concretização desse esforço de congregação, Assis admitiu que tal se venha a “manifestar na lista” proposta pelos socialistas para o Parlamento Europeu, mas sublinhou que essa é uma responsabilidade exclusiva do secretário-geral. “A questão, neste momento, é o PS apresentar um programa, um projecto capaz de gerar confiança”, afirmou ao PÚBLICO.
Sobre nomes possíveis não falou, portanto. Nem sequer sobre o do economista Ricardo Paes Mamede que foi um dos oradores convidados para estas jornadas e um dos signatários do documento do Movimento 3D. O próprio economista evitou o tema, ao assumir, antes da sua intervenção perante os deputados, que estava ali a “título estritamente pessoal”. “Nada do que eu disser aqui pode comprometer mais alguém que não eu próprio". Mas Assis admitiu que veria com bons olhos a colaboração de Mamede na elaboração do programa para as europeias, se “ele quisesse participar”.
Ainda assim, o esforço de consenso dos socialistas tem limites. E a linha vermelha traçada pelo principal partido da oposição parece deixar do outro lado o Governo e a liderança do PSD.
Logo na abertura das jornadas, Alberto Martins, líder parlamentar do PS, voltou a manifestar a total indisponibilidade do partido para aceitar a proposta de Passos Coelho no sentido da reactivação da comissão parlamentar para a Reforma do Estado. Alberto Martins considera que a intenção do primeiro-ministro é apenas negociar mais cortes. "Uma nova máscara de austeridade que querem continuar a impor aos portugueses", denunciou o deputado. "Não contem connosco para isto, não contem com mais austeridade", rematou.
O PS também se fez difícil em relação ao apelo do ministro da Economia, Pires de Lima, sobre o plano de infra-estruturas de valor acrescentado. O deputado Rui Paulo Figueiredo respondeu a uma segunda carta do Governo, desta feita assinada pelo secretário de Estado Sérgio Monteiro, para dizer “que não se pode ter uma discussão séria" quando o Executivo mostra não ter feito “os trabalhos de casa”. Em causa, justificou Figueiredo, está o facto de Monteiro ter confirmado que, dos 30 projectos elencados, "15 não têm a análise do custo benefício”. E o facto de nenhum dos 30 ter uma avaliação do impacto do investimento “no crescimento e emprego”, acrescentou o parlamentar. Assim, o PS fica à espera de dados adicionais.
E caso existissem ainda dúvidas sobre a resistência do PS a negociar seja o que for com o Governo, essas ficariam dissipadas com a insistência na criação de uma comissão de inquérito à aquisição dos submarinos e viaturas blindadas Pandur, quando Paulo Portas era ministro da Defesa. Alberto Martins voltou ao tema para denunciar a “actuação menos cuidada ou, nalguns casos, mesmo dolosa” nesses processos. E rematou com uma comparação: “na Alemanha foi concluído com condenação" um processo judicial que envolvia gestores do consórcio GSC, que vendeu os submarinos à Marinha portuguesa.