Seguro desafia Passos a esclarecer no congresso do PSD se os cortes salariais são definitivos
Líder socialista volta a colar o Governo à “cartilha liberal” e diz que, com o PS, “ninguém fica na beira da estrada”.
O Governo foi o principal alvo do discurso do líder socialista, neste sábado. Em Guimarães, António José Seguro desafiou Pedro Passos Coelho a aproveitar a reunião magna social-democrata para se pronunciar sobre o prazo de vigência dos cortes salariais na função pública e explicar a incongruência entre a ideia de que o país está melhor e a necessidade de mais cortes, prevista no relatório da 10.ª avaliação da troika.
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O Governo foi o principal alvo do discurso do líder socialista, neste sábado. Em Guimarães, António José Seguro desafiou Pedro Passos Coelho a aproveitar a reunião magna social-democrata para se pronunciar sobre o prazo de vigência dos cortes salariais na função pública e explicar a incongruência entre a ideia de que o país está melhor e a necessidade de mais cortes, prevista no relatório da 10.ª avaliação da troika.
Na véspera, o PÚBLICO noticiava que o Governo está a preparar um conjunto de medidas que têm como objectivo tornar permanentes os cortes salariais na função pública. As intenções constam do relatório da Comissão Europeia (CE) divulgado quinta-feira, a propósito da 10.ª avaliação do programa de assistência financeira a Portugal, segundo o qual os salários médios em Portugal têm de cair ainda mais 5%, para colocar desemprego e endividamento externo em níveis sustentáveis.
Para Seguro, o congresso do PSD deste fim-de-semana é a “a oportunidade” de o chefe de Governo esclarecer se as reduções nos vencimentos dos trabalhadores do Estado e nas pensões podem vir a tornar-se definitivos e se há outros cortes anunciados como transitórios que podem tornar-se permanentes. Passos Coelho “tem que esclarecer quais são esses cortes”, declarou o líder socialista.
Sobre a comissão parlamentar de inquérito parlamentar à compra de submarinos e blindados pelo Estado português, anunciada durante a manhã pelo líder da bancada do PS no Parlamento, Alberto Martins, o secretário-geral do maior partido da oposição não disse uma palavra. O discurso no encerramento da convenção regional do Novo Rumo, em Guimarães, concentrou-se essencialmente nas críticas ao Governo, que foi acusado de ter uma “matriz”, que não é social-democrata nem liberal, mas apenas de “enganar os portugueses”.
A troika defende que são precisos mais cortes, ao contrário do que tem sido dito pelo primeiro-ministro, lembra Seguro, desafiando Passos Coelho a explicar “por que são precisas” novas medidas de austeridade. Esta necessidade contraria a mensagem que o Governo tem passado nas últimas semanas sobre a existência de sinais positivos para a economia naciona que, para o líder socialista, só pode ser defendida por quem “não conhece o país”. “As pessoas vivem mal, passam dificuldades. Quando os portugueses estão pior, o país não pode estar melhor”, sentenciou.
Com alguns históricos do PSD a ensaiarem neste fim-de-semana, no congresso "laranja", um discurso de aproximação à "matriz social-democrata" do partido, Seguro voltou a colar o rótulo “liberal” ao maior partido do Governo. “Ao contrário do que o primeiro-ministro diz, o país está pior do que há dois anos e meio”, considera. E isso aconteceu “por opção ideológica” de Passo Coelho. O líder do maior partido da oposição acusa o PSD de seguir uma “receita liberal” e de querer “Estado mínimo e mercado máximo”. “Por isso querem cortar nas funções sociais”.
António José Seguro alternou as críticas ao Governo com as propostas do PS. Os socialistas querem “um Estado forte e eficaz, que não se deixe capturar pelos interesses instalados”, assegurou. E fez também uma incursão ideológica para sustentar que os socialistas defendem o combate às desigualdades por via de políticas públicas: “Com o PS ninguém fica na beira da estrada”, prometeu.