Regresso de Miguel Relvas causa incómodo no PSD
Ex-ministro integra lista para o Conselho Nacional.
O Conselho Nacional é o órgão mais importante entre congressos, que funciona como o "parlamento do partido", onde estão representadas as várias sensibilidades internas, eleitas normalmente em diversas listas.
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O Conselho Nacional é o órgão mais importante entre congressos, que funciona como o "parlamento do partido", onde estão representadas as várias sensibilidades internas, eleitas normalmente em diversas listas.
“Uma loucura, inimaginável”, considerou um dirigente nacional que pediu para não ser identificado. “Nada dava a entender que a escolha passaria por Miguel Relvas”, adiantou um outro dirigente nacional do partido, manifestando a sua indignação, considerando a escolha como “pouco sensata”.
A notícia foi anunciada este sábado ao congresso, à hora do jantar, pelo líder do partido, Pedro Passos Coelho, e deixou os presidentes das distritais numa situação de desconforto, uma vez que houve muitos militantes que subscreveram os termos da candidatura ao Conselho Nacional sem saberem quem era o candidato.
Logo que foi público, alguns militantes reagiram com indignação e sentiram-se enganados, afirmando que se soubessem que a escolha recaía no ex-ministro dos Assuntos Parlamentares não teriam subscrito a candidatura. Esta circunstância - dizem - inviabilizou a apresentação de listas alternativas ao CN.
Horas antes do anúncio de que Miguel Relvas estaria de regresso à direcção do partido, já circulava nos corredores do Coliseu dos Recreios o rumor de que havia “muita gente” que não pretenderia votar para os órgãos do partido, mas estava ainda por saber qual a razão.
Contactado pela Lusa, Relvas disse ter aceitado o convite para liderar a lista de Passos Coelho com a intenção de contribuir para o seu partido num projecto em que sempre acreditou.
“O mais relevante, neste momento – sublinhou – é dar o meu contributo ao meu partido, num projecto liderado pelo doutor Pedro Passos Coelho, em que sempre acreditei”, justificou o ex-ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, que se demitiu em Abril de 2013.
O presidente das Câmara de Cascais e agora escolhido para vice-presidente do PSD Carlos Carreiras diz que “o Conselho Nacional é um órgão colegial onde cabem todos os contributos que queiram ser dados por pessoas que já tiveram responsabilidades e, nesse sentido, acho uma integração normal. Não esperava mas acho-a normal”.
“É assim que eu interpreto, se tivesse tido a responsabilidade de fazer as listas: Miguel Relvas foi secretário-geral de Durão Barroso, de Santana Lopes, tem uma experiência política grande, que cabe perfeitamente num Conselho Nacional do PSD”, disse Carreiras, sublinhando que Relvas foi o secretário-geral do partido que mais presidentes acompanhou. "Tem uma experiência político-partidária muito forte.”
Foi sem surpresas que o ex-líder do partido e actual ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, recebeu a notícia. “Miguel Relvas é um militante do partido e é bom que todos os militantes dêem a sua contribuição quando são chamados, foi o que eu fiz e essa deve ser a prática”, disse ao PÚBLICO.
O cabeça de lista para o Conselho Nacional da lista de Passos Coelho não estará presente neste domingo, na sessão de encerramento da reunião magna social-democrata por se encontrar no estrangeiro por motivos profissionais. E não pretenderá fazer mais declarações sobre a sua escolha. ”Sendo um cargo interno, é no partido que devo falar."
Neste domingo de manhã o congresso vai eleger a nova direcção. Na futura Comissão Permanente, Jorge Moreira da Silva fica como primeiro vice-presidente, e Marco António Costa mantêm o cargo homólogo e continua como coordenador e porta-voz do partido. Teresa Leal Coelho e Pedro Pinto, ambos deputados, mantêm-se como vice-presidente e entram José Matos Correia e Carlos Carreiras. Sai da Comissão Permanente Nilza Sena, que passa a integrar o CN. Matos Rosa, que recebeu uma enorme ovação do congresso, foi reconduzido no cargo de secretário-geral.