PSD dispara para legislativas e antecipa primeiro comício das europeias

Passos anuncia Paulo Rangel como cabeça de lista ao Parlamento europeu e eurodeputado desafia PS a revelar já o seu adversário. Marcelo defende os críticos e diz que a liberdade interna “é o encanto do PSD”

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Com uma intervenção dirigida ao líder do PS, o eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, desafiou-o a revelar o cabeça de lista às europeias. "Não hesite, tome uma decisão, não tenha medo, não tenha receio, não volte a hesitar”, afirmou, colocando a fasquia eleitoral do PSD para Maio. "Medindo toda e cada uma das palavras, é uma tarefa que, em nome dos enormes esforços e sacríficos dos portugueses, do sentido de Estado e de responsabilidade do Governo, é uma tarefa que, repito alto e bom som, sem medo das palavras, é uma tarefa que vamos ganhar, vamos vencer", afirmou o cabeça de lista, arrancando muitas palmas e vivas ao PSD, no Coliseu dos Recreios.

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Com uma intervenção dirigida ao líder do PS, o eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, desafiou-o a revelar o cabeça de lista às europeias. "Não hesite, tome uma decisão, não tenha medo, não tenha receio, não volte a hesitar”, afirmou, colocando a fasquia eleitoral do PSD para Maio. "Medindo toda e cada uma das palavras, é uma tarefa que, em nome dos enormes esforços e sacríficos dos portugueses, do sentido de Estado e de responsabilidade do Governo, é uma tarefa que, repito alto e bom som, sem medo das palavras, é uma tarefa que vamos ganhar, vamos vencer", afirmou o cabeça de lista, arrancando muitas palmas e vivas ao PSD, no Coliseu dos Recreios.

Mas as europeias não foram as únicas eleições a serem lançadas no 35º Congresso do PSD. As legislativas dominaram grande parte do dia da reunião magna em que vários dirigentes apareceram alinhados a desejar a vitória eleitoral.

Sem “triunfalismos” e “arrogâncias”, Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, considerou que “vencer as eleições não é um desafio partidário, é um desígnio nacional”. E explicou as escolhas que os portugueses terão de fazer nas legislativas de Outubro de 2015. “A primeira opção é saber se escolhemos quem levou o país à bancarrota, os que meteram a troika cá dentro. Do outro lado, aqueles que nos tiraram desta situação e acabaram com a troika”, afirmou o ministro. Miguel Macedo personaliza escolhas: “De um lado Pedro Passos Coelho, um político sério e corajoso que não criou este problema (…) do outro António José Seguro, o líder do partido que meteu a troika cá dentro e que o longo destes dois anos e meio só soube criticar e não ajudar, só soube dizer mal sem propor alternativa”.

Usando um tom humilde, o ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, sustentou que é necessário compreender a “insatisfação gerada pelos sacrifícios e sublinhou a disponibilidade “para ouvir e até para mudar políticas”. Poiares Maduro pareceu não ter dúvidas: “Iremos ganhar as eleições em 2015”. Isto porque “os portugueses percebem quem governa para o futuro e quem promete um presente ilusório com truques do passado”.

A linha oficial prosseguiu pela voz do líder da bancada social-democrata, Luís Montenegro. “Temos o direito e a ambição de vencer as próximas eleições legislativas”.

“Está nas nossas mãos porque nós governamos melhor Portugal que o PS”, afirmou Luís Montenegro, depois de ter retomado o mote de Passos Coelho na véspera, ao afirmar que “Portugal está hoje melhor do que há três anos”. E se a percepção geral ainda não é essa, deve-se ao “desfasamento entre o retomar da economia e o que sentem aqueles que sentiram” a austeridade na pele.

Montenegro afinou também pela grande linha deste congresso, ao reafirmar que “não há um exemplo de que o PSD se afastou da sua matriz social-democrata. Pelo contrário, afirmou, ilustrando com algumas medidas. “Alguém fala em neoliberalismo quando baixamos os preços dos medicamentos baixando as margens das farmacêuticas? Alguém ignora a sobretaxa que as empresas com lucros acima de um milhão de euros têm uma sobretaxa de 3% de IRC?”

O optimismo revelado pelo PSD acontece num momento particularmente desfavorável nas sondagens. No seu blogue Margens de Erro, onde faz uma análise ponderada das intenções de voto que vão saindo, o sociólogo Pedro Magalhães escrevia, a 31 de Janeiro, que "a vantagem do PS sobre o PSD (10,3 pontos) é a maior desde Junho de 2011". Mais: “Somados, os partidos de esquerda têm 54,9%”, enquanto “os partidos do governo têm 34,3%, menos 20 pontos que as melhores sondagens que já tiveram nesta legislatura e menos 16 pontos que nas eleições de 2011”.

Lá fora e cá dentro
A projeção para o futuro, leia-se as eleições legislativas, foi o essencial da intervenção de Nuno Morais Sarmento, antigo ministro do Governo de Durão Barroso. O comentador de política começou por dizer que foi ao congresso para agradecer a quem “liderou o caminho de país encontrado à beira da bancarrota”, um percurso que “a História vai registar”. “E essa liderança teve um único nome: Pedro Passos Coelho.”

Morais Sarmento deixou, porém, vários avisos para o futuro. “Chegamos aqui com folhas excel do Ministério das Finanças, mas nós somos sociais-democratas. Não são as estatísticas que estimulam os portugueses, são as ideias e os ideais. As pessoas movem-se por projectos, por sonhos, pela dimensão não económica e política. E nós precisamos todos de voltar a sonhar”, afirmou, perante uma sala que encheu para o ouvir e que ficou em silêncio durante a sua intervenção. Em jeito de conselho, o antigo ministro da Presidência resumiu o que é preciso para os tempos que aí vêm: “Mais política e mais pessoas.”

Outro dos momentos altos foi a de Marcelo Rebelo de Sousa ao início da noite. “Vou, não vou, decidi vir”, disse o ex-líder do partido e actual comentador politico, um dos visados indirectamente nas críticas aos críticos que se foram ouvindo neste congresso. E, numa intervenção clímax que arrancou gargalhadas e aplausos ao longo de meia hora, o comentador político fez o discurso da conciliação: “Eu sou uma das melhores provas de liberdade do partido!”

E prosseguiu: “Aqui pode dizer-se cá dentro o que se diz lá fora - é o encanto do PSD”. Admitiu alguns exageros, numa referência subtil à sua reacção televisiva à moção de Passos Coelho, quando se assumiu como o “catavento” que o líder do partido não quer ver numa candidatura presidencial. Mas passou à frente.

Avisou que a crise não vai passar de um dia para o outro e insistiu na necessidade de PSD e PS se sentarem à mesa e dialogarem. “Logo a seguir às eleições de 2014 e muito antes das de 2015”, porque “vai ser preciso fazer reformas profundas que não se fazem sem os dois”. E lembrou o seu próprio exemplo durante o governo de Guterres: “Eu viabilizei vários orçamentos e não foi por nenhum prazer metafísico”. Porque, sublinhou, “os líderes passam mas o país fica”.