Papa pede aos novos cardeais que sejam homens de paz e de serviço
“A Igreja precisa da vossa colaboração, e ainda mais da vossa comunhão, comunhão comigo e entre vós. A Igreja precisa da vossa coragem para anunciar o evangelho em todas as ocasiões, oportunas ou inoportunas, e para dar testemunho da verdade”, disse Francisco aos 18 cardeais sentados à sua frente – o 19º, Loris Capovilla, antigo secretário pessoal do Papa João XXIII, pediu dispensa da cerimónia, tendo em conta os seus 98 anos.
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“A Igreja precisa da vossa colaboração, e ainda mais da vossa comunhão, comunhão comigo e entre vós. A Igreja precisa da vossa coragem para anunciar o evangelho em todas as ocasiões, oportunas ou inoportunas, e para dar testemunho da verdade”, disse Francisco aos 18 cardeais sentados à sua frente – o 19º, Loris Capovilla, antigo secretário pessoal do Papa João XXIII, pediu dispensa da cerimónia, tendo em conta os seus 98 anos.
Na carta que lhes escreveu logo após a nomeação, em Janeiro, o Papa lembrava que ser cardeal não significa “uma promoção, uma honra ou uma condecoração”, mas “um serviço que exige uma visão mais ampla e um coração maior”.
Uma mensagem que repetiu na cerimónia deste sábado, ao pedir aos cardeais vindos de todo o mundo para a cerimónia que estejam ao lado dos que mais sofrem. “A Igreja precisa da vossa compaixão, sobretudo num momento de dor e sofrimento para tantos países do mundo”, afirmou, lembrando ainda “os cristãos que sofrem discriminações e perseguições”. “A Igreja precisa que sejamos homens de paz, pelas nossas obras, desejos e orações.”
Esta foi a primeira vez que Francisco nomeou cardeais para o colégio que, além de o aconselhar e auxiliar no governo da Igreja, será um dia responsável por eleger o seu sucessor. Dos 16 novos eleitores (os que têm menos de 80 anos), cinco são oriundos da América Latina e das Caraíbas, dois de África e dois da Ásia. Uma opção que confirma as expectativas de quem esperava ver o Papa, o primeiro sul-americano da história da Igreja, reforçar a diversidade do colégio, onde europeus (sobretudo italianos) continuam a ser dominantes.
Mas Francisco foi mais longe, e nomeou dois cardeais de países que nunca antes tinham um: o Burkina Faso, listado como o terceiro mais pobre do mundo, e o Haiti, o mais pobre da América. Dos novos cardeais, quatro são membros da Cúria e três têm já mais de 80 anos, pelo que a nomeação serve sobretudo como um reconhecimento pelo serviço à Igreja.
Entre as filas de cardeais, que nos últimos dois dias estiveram reunidos em Roma para discutir as questões da família, sentou-se Joseph Ratzinger, o Papa emérito que vive no Vaticano em reclusão desde que, a 11 de Fevereiro do ano passado, anunciou a sua renúncia – foi o primeiro a fazê-lo em 600 anos. Apesar de os fiéis e convidados terem sido instruídos a não aplaudir durante a cerimónia, Bento XVI foi recebido com uma ovação quando entrou, vestido de branco e apoiado numa bengala, antes de ser cumprimentado por Francisco. Um momento histórico, sublinhou a Reuters, que juntou no mesmo espaço o anterior, o actual e um potencial futuro Papa.