Presidente deixa Kiev, vazio de poder na Ucrânia
Edifício da Presidência está aparentemente vazio e sem protecção policial. Manifestantes permanecem concentrados em Kiev. Presidente do Parlamento demitiu-se.
Um correspondente da BBC disse que pode caminhar à vontade nas imediações da presidência, habitualmente rodeada de fortes medidas de segurança, e que há manifestantes naquela área, incrédulos. Um repórter da AFP relatou a presença de manifestantes a meia centena de metros da entrada do edifício, no centro da capital.
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Um correspondente da BBC disse que pode caminhar à vontade nas imediações da presidência, habitualmente rodeada de fortes medidas de segurança, e que há manifestantes naquela área, incrédulos. Um repórter da AFP relatou a presença de manifestantes a meia centena de metros da entrada do edifício, no centro da capital.
Alguns funcionários governamentais dirigiram-se, ainda assim, ao edifício, para trabalhar.
Jornalistas do Kanal 5 informaram anteriormente que terem entrado sem dificuldade na residência de Ianukovich, no arredores de Kiev.
Na noite de sexta-feira um diplomata norte-americano citado pela AFP informou que Ianukovich tinha deixado a capital. “Segundo as nossas informações, e conversei com o ministro das Relações Exteriores há uma hora e meia, o Presidente Ianukovich foi a Kharkov, no Leste, para uma reunião”, disse, recordando que aquela região da Ucrânia é considerada um feudo político do chefe de Estado.
O diplomata foi confrontado com rumores de uma alegada “fuga” de Ianukovich de Kiev, após o acordo que sexta-feira fez com a oposição: “Como sabem não é invulgar que, após uma importante decisão política, visite o Leste, onde tem sua base”, disse.
Já este sábado, Vitali Klitschko, um dos líderes da oposição, disse que o Presidente deixou Kiev e que os deputados devem obrigá-lo a demitir-se "imediatamente" e reclamou a realização de eleições presidenciais antecipadas até 25 de Maio. Na sexta-feira foi apresentada no Parlamento uma proposta para a destituição de Ianukovich.
Quem apresentou a demissão foi o presidente do Parlamento, Volodimir Ribak. A informação foi prestada pelo vice-presidente, durante a sessão, este sábado. Ribak demitiu-se depois de vários deputados do Partido das Regiões, no poder, terem abandonado a formação política.
A oposição ucraniana e o Presidente Viktor Ianukovich alcançaram na sexta-feira um acordo que cobre quase todas as reivindicações que motivaram os protestos dos últimos três meses e que fizeram quase cem mortos só na última semana.
O acordo de sexta-feira espelhava as principais exigências da oposição: o retorno à moldura constitucional de 2004, a marcação de eleições antecipadas e a formação de um governo de “unidade nacional”. Mas as ruas não hesitaram em pedir mais, ou seja, a saída de Ianukovich.
O Sector Direito – o grupo de extrema-direita que tem estado por trás das acções mais violentas dos protestos em Kiev – deu um ultimato para que Ianukovich se demita até às 10 horas da manhã (8h em Portugal) deste sábado.
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o seu homólogo, Vladimir Putin, desejam que o acordo de sexta-feira seja aplicado “rapidamente”, afirmou também fonte diplomática citada pela agência.
Os dois líderes tiveram uma conversa telefónica “construtiva”, por iniciativa de Washington. O acordo é uma “verdadeira oportunidade para uma solução pacífica” mas é “muito, muito frágil”, disse o diplomata norte-americano não identificado. A mesma fonte disse que Putin quer que a Rússia “continue implicada no processo de aplicação do acordo”. Também o secretário-geral das Nações Unidas apelou a ViKtor Ianukovich para uma rápida aplicação do entendimento.