Diocese de Aveiro não queria perder o bispo para o Porto

O próprio António Francisco dos Santos, designado para o Porto, diz que foi apanhado de surpresa. Padres de Aveiro dizem sentir “mágoa” e “pena”.

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O bispo agora nomeado para o Porto na tomada de posse, em Aveiro, em 2006 Paulo Pimenta

O também responsável pelas capelanias prisionais considera que “o Porto está de parabéns, vai ter um grande bispo”: “Mas foi um processo muito lento. O Porto está sem bispo há cerca de nove meses [desde a saída de D. Manuel Clemente para patriarca de Lisboa]”, nota, considerando que o bispo António Francisco dos Santos tem uma “grande carreira” e é “muito próximo” das pessoas.

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O também responsável pelas capelanias prisionais considera que “o Porto está de parabéns, vai ter um grande bispo”: “Mas foi um processo muito lento. O Porto está sem bispo há cerca de nove meses [desde a saída de D. Manuel Clemente para patriarca de Lisboa]”, nota, considerando que o bispo António Francisco dos Santos tem uma “grande carreira” e é “muito próximo” das pessoas.

A polémica já está nas redes sociais. O padre Licínio Cardoso, também da diocese de Aveiro, escreveu na página do Facebook um comentário dizendo que “uns perdem, outros ganham”: “Eis o sinal claro e evidente daquilo que de pior há na Igreja: o secretismo na nomeação dos bispos, a exclusão do povo de Deus na escolha do seu pastor.” Acrescenta ainda: “A ida de D. António Francisco para o Porto é a expressão mais visível da incompetência do núncio e de que é uma figura que está a mais na orgânica da Igreja. Um ano para escolher um bispo para o Porto! E não venham dizer que não há dioceses de primeira e dioceses de segunda...” Ainda na rede social, este padre considera que “D. António Francisco não terminou a missão que lhe fora confiada em Aveiro”: “E não vai acrescentar nada de especial no Porto, até porque vai na forma de obediência, não como decisão livre. Assim não dá...”

Contactado pelo PÚBLICO, o padre Licínio Cardoso mantém as críticas não só no que respeita ao tempo que o Porto esperou pela nomeação de um bispo, como também pelo facto de o trabalho em Aveiro ficar a meio: “Cerca de um ano para o Porto ter um bispo? Não é admissível. É a maior diocese do país”, afirma.

Considera ainda que D. António Francisco estava a “unir os padres” e a “criar uma dinâmica de proximidade dentro da diocese no todo e nas pequenas comunidades” e que esse trabalho “não está pronto”: “É um trabalho deixado a meio”.

O novo bispo do Porto, António Francisco dos Santos, saudou nesta sexta-feira a sua futura diocese, manifestando-se "disponível e generoso" para servir uma "comunidade humana de dois milhões de habitantes".

Em declarações aos jornalistas, o até agora bispo de Aveiro não escondeu a surpresa pela nomeação para o Porto.
"A decisão do Santo Padre foi uma comunicação inesperada e, na decisão que sempre me acompanha de responder sim ao chamamento da Igreja e à vontade de Deus, manifestei-me disponível para servir com alegria a diocese do Porto", disse o prelado, que falava na Casa Episcopal de Aveiro.

António Francisco dos Santos referiu ainda que parte ao encontro da diocese do Porto com "muita alegria, coragem e generosidade", levando consigo a "alegria do Evangelho e o desejo de estar próximo de todos, sobretudo daqueles que mais sofrem".

Numa intervenção feita de improviso, que durou cerca de três minutos, sem direito a respostas, o bispo não esqueceu a comunidade aveirense, que serviu durante os últimos sete anos.

"Sinto-me um bispo amado por este povo", disse António Francisco dos Santos, lembrando que foi bem acolhido em Aveiro, onde encontrou "colaboradores dedicados".

O prelado referiu ainda que continuará a ser administrador apostólico de Aveiro até iniciar o seu "múnus pastoral" no Porto, acrescentando que, depois, o Conselho de Consultores escolherá o administrador diocesano.

A data da tomada de posse de António Francisco dos Santos como bispo do Porto deverá ser comunicada brevemente, mas terá de ocorrer nos próximos três meses, de acordo com o Código do Direito Canónico.