Filha do rei de Espanha disse 182 vezes “não sei” no interrogatório do “caso Nóos”
Transcrição da sessão de 8 de Fevereiro foi divulgada. “Em casa, não falo de negócios com o meu marido.”
As contas foram feitas pelo jornal espanhol El País, a partir da transcrição do interrogatório, divulgado esta quinta-feira. O jornal diz que 123 vezes Cristina tanbém respondeu “não me parece” – no total, foram-lhe feitas 400 perguntas durante seis horas e meia, sendo que algumas tiveram sequência. Por exemplo: “Sabe disto?”, ao que Cristina respondia “Não sei” ou “Desconheço”.
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As contas foram feitas pelo jornal espanhol El País, a partir da transcrição do interrogatório, divulgado esta quinta-feira. O jornal diz que 123 vezes Cristina tanbém respondeu “não me parece” – no total, foram-lhe feitas 400 perguntas durante seis horas e meia, sendo que algumas tiveram sequência. Por exemplo: “Sabe disto?”, ao que Cristina respondia “Não sei” ou “Desconheço”.
A transcrição confirma que Cristina de Bórbon se desvincula, durante toda a sessão, dos negócios do marido, Iñaki Urdangarín, acusado de corrupção e desvio de fundos públicos através da Fundação Nóos, que dirigia e que, em teoria, seria uma instituição sem fins lucrativos. A infanta era sócia, com o marido, da empresa Aizoon, que servia para desviar verbas da Nóos, e foi chamada para se apurar se cometeu fraudes, entre elas fiscais.
Veja-se uma passagem em que o juiz pergunta se ela ou o marido receberam algum empréstimo da Aizoon:
“Não sei”.
“Como não sabe?”
“Não sei, vossa senhoria, ele é que tratava de todas as questões fiscais”.
E foi assim durante mais de cinco horas, comenta o El País.
Cristina de Bórbon diz ao juiz que desconhecia totalmente as actividades empresariais e financeiras do marido e explica porquê: “Em casa, não falo de negócios com o meu marido”.
Admitiu que entrou na Aizoon a pedido de Urdangarín e porque “lhe pareceu bem”. Basicamente, a partir daí, refere outro jornal espanhol, o El Mundo, nega ter conhecimento de qualquer actividade da empresa de que era sócia – disse que entrou com dinheiro para a constituição da Aizoon.
Cristina diz mesmo ao juiz que não sabe como funciona uma sociedade mercantil, como a Aizoon. E ofende-se quando lhe é perguntado se se sentiu usada: “Não, não me parece. Vossa senhoria quase que me ofende”. A seguir, o seu advogado, Jesús Silva, fá-la explicar como é o seu dia de dona de casa – Cristina de Bórbin trabalha em part time na fundação La Caixa –, o que ela faz com grande detalhe.
Os dois jornais concluem que a infanta, que foi o primeiro membro directo da monarquia espanhola a ser interrogado num processo judicial, se limita a dar respostas evasivas. Numa das repostas não-evasivas, confirma que o marido a trata por “kid” (miúda), conforme está nos emails de Urdangarín para a mulher que constam do processo.
Em resumo, a infanta espanhola diz que “confiava” totalmente no marido e que nunca questionou os seus negócios, que desconhecia.