Vai do Porto a Lisboa? A partir de Abril, pode ir de Ryanair
Companhia de baixo custo passa a ligar o aeroporto do Porto a quatro novos destinos. Lisboa e Faro também serão ligadas pela Ryanair.
As quatro rotas vão entrar em funcionamento em diferentes meses do ano e, no caso das duas cidades francesas, serão sazonais. Para voar para Rennes e Limoges, por enquanto, só nos meses de Julho e Agosto. Já para Bruxelas Zaventem será possível voar todos os dias da semana, já a partir de 27 de Fevereiro, ficando a capital belga ligada ao Porto por duas rotas da Ryanair (a operação continua em Charleroi).
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As quatro rotas vão entrar em funcionamento em diferentes meses do ano e, no caso das duas cidades francesas, serão sazonais. Para voar para Rennes e Limoges, por enquanto, só nos meses de Julho e Agosto. Já para Bruxelas Zaventem será possível voar todos os dias da semana, já a partir de 27 de Fevereiro, ficando a capital belga ligada ao Porto por duas rotas da Ryanair (a operação continua em Charleroi).
Mas, a novidade anunciada por Luis Fernández-Mellado que mais sorrisos cativou na conferência de imprensa que deu, na manhã deste quarta-feira, foi o anúncio de que Porto e Lisboa passarão a estar ligados pelos aviões da companhia irlandesa. De segunda a sexta-feira há um avião que sai do Porto em direcção à capital às 6h40, já a partir de 2 de Abril. Para deixar Lisboa em direcção a Norte, os passageiros têm voos às 7h55 (às segundas, quintas e sextas-feiras), às 8h (às quartas-feiras) e às 8h05 (às terças-feiras).
Horários que poderão afastar clientes da área de negócios, já que a escolha da Ryanair obrigará, necessariamente, à permanência de uma noite numa das cidades. Luis Férnandez-Mellado reconheceu essa limitação, mas salientou que este horário é “experimental”. “Quando começamos a voar para Faro também nos criticaram e disseram que não iríamos ter passageiros, e afinal correu bem”, disse.
Quanto aos preços também não há grandes novidades em relação ao que a Ryanair pratica para outros destinos. Há uma oferta de lançamento para as novas rotas anunciadas pela companhia, de 19,99 euros, que pode tentar adquirir entre amanhã e o dia 24 de Fevereiro, mas depois aplicam-se as regras da low-cost. “Os preços irão variar consoante a antecedência com que se compra ou a época, mas a nossa tarifa média, muito abaixo das outras companhias, é de 48 euros”, explicou Luis Férnandez-Mellado.
A única companhia de aviação que opera a rota entre Lisboa e o Porto é a TAP, neste momento com sete voos diários, que no Verão tendem a ser reforçados. Tradicionalmente, esta frequência é mais usada para tráfego de ligações, ou seja, por passageiros que fazem transferência para outros destinos fora do país.
Em 2013, esta rota contribuiu com 386 mil passageiros para as contas da TAP, o que representou 3,6% do tráfego total da companhia do ano passado (cerca de 10,7 milhões de passageiros). Face a 2012, registou-se um crescimento de 4% na procura.
Contactada pelo PÚBLICO, fonte da CP - Comboios de Portugal disse que a nova rota da Ryanair não constitui um problema em termos de concorrência, porque também a empresa tem uma promoção entre Lisboa e Porto e com a vantagem de os bilhetes poderem ser comprados com apenas cinco dias úteis de antecedência. Nesses casos, cada trajecto entre as duas cidades, no Alfa Pendular, custa 25,50 euros ou 18,50 euros, respectivamente em 1ª e 2ª classe, preços que baixam para 22 euros e 15 euros nas viagens em Intercidades. Sem desconto, cada trajecto, nas mesmas condições, fica por 42,40 euros, 30,30 euros, 35,90 euros e 24,30 euros.
Por outro lado, a CP evidencia as vantagens do conforto da viagem, do acesso a Internet nos Alfas e de se poder embarcar e desembarcar em Santa Apolónia, Oriente (ambas em Lisboa), Gaia e Campanhã, no Porto, sem ter que fazer check-in nem suportar os controlos de segurança.
Já a Associação de Turismo do Porto e Norte defendeu, em comunicado, que as quatro novas rotas anunciadas pela Ryanair vão contribuir para um aumento das dormidas na região, estimando que será ultrapassado "o incremento proposto de 140.789 dormidas de estrangeiros em 2014.
Na conferência de imprensa desta quarta-feira, o responsável pelas vendas e marketing da Ryanair em Portugal garantiu que o país tem sido um caso que fugiu à regra que marcou o último ano da operação da companhia irlandesa, que classificou como “muito difícil”. A estimativa de crescimento da low-cost em 2013 (o ano fiscal só fecha em Março) não deve chegar aos 5%, sendo um dos mais baixos de sempre.
Uma situação a que não será alheia a crise, mas que Férnandez-Mellado atribui, sobretudo, à falta de aviões e ao aumento de custos de alguns aeroportos, o que fez com que a companhia abandonasse algumas cidades, nomeadamente em Espanha, onde o número de passageiros caiu “entre 20 a 25%”, referiu. “Portugal é um caso àparte. Este foi o ano com melhor crescimento”, explicou o director.
Com as quatro novas rotas anunciadas para o Porto – a partir de Abril, a Ryanair passará a operar para 38 destinos, a partir desta cidade, abandonando as rotas alemãs para Hamburgo e Nuremberga -, a low-cost espera um acréscimo no número de passageiros transportados (e que representam já cerca dos 2,3 milhões dos 6,4 milhões de passageiros que passaram pelo aeroporto portuense em 2013) e mais satisfação dos seus clientes.
Para isso poderá contar muito as novas regras que a companhia implementou nos últimos meses, nomeadamente, a permissão de transporte de uma segunda bagagem de mão, mais pequena do que a primeira, a redução de preço para a impressão do cartão de embarque no aeroporto ou a existência de lugares marcados em todos os voos. A outra novidade, designada de “período de graça de 24 horas” já permite que os passageiros que cometam algum erro no momento da reserva do bilhete possam corrigi-lo, alterando a reserva, no período de 24 horas, sem que lhe seja aplicada qualquer taxa adicional.
Medidas que Luis Fernández-Mellade diz serem o resultado de um “exercício de autocrítica”, assente nas queixas feitas pelos clientes. “Temos consciência que o nosso desempenho não foi perfeito e propusemo-nos a melhorar as coisas de que os clientes não gostavam”, disse.
Até 2019 a Ryanair pretende passar dos 81 milhões de passageiros transportados na Europa para os 110 milhões e, para isso, a companhia conta com a aquisição de 175 novos aviões, nos próximos cinco anos. Alguns serão para substituir aparelhos já existentes, mas cerca de cem serão um verdadeiro acréscimo à frota actual. Com Raquel Almeida Correia