Profissionalismo vs amadorismo

O exemplo de alguns jogadores, que no passado se entregaram ao râguebi com dedicação e sacrifício, merece reflexão

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ENRIC VIVES-RUBIO

Com a entrada em cena do râguebi nos Jogos Olímpicos, em 2016, as maiores potências mundiais, com mais recursos humanos e físicos, parecem começar a dar extrema importância aos sevens.

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Com a entrada em cena do râguebi nos Jogos Olímpicos, em 2016, as maiores potências mundiais, com mais recursos humanos e físicos, parecem começar a dar extrema importância aos sevens.

Por cá, limitados pela gestão de jogadores e com o objectivo “Mundial de XV,” acabou-se por desvalorizar a selecção de sevens, que sofreu resultados pesados numa competição altamente exigente.

Pela oportunidade que temos em mãos de ir a uns Jogos Olímpicos, faz todo o sentido Portugal pensar na criação de um grupo de sevens, profissional, dando todas as condições para que os atletas se superem, pelo retorno mediático e financeiro que poderá advir dessa competição.

Contrariando esta “tese” e voltando ao passado, como enorme caso de sucesso relembro-me da selecção mundialista, que, com jogadores amadores, se superou e emocionou o nosso país. Afinal de contas, o amadorismo não significa que não se entregue a uma causa com máxima dedicação e empenho.

Vejamos casos como o do João Correia, do Joaquim Ferreira, do Marcelo D’Orey, do Rui Cordeiro, do José Pinto, do Miguel Portela, do Vasco Uva e de tantos outros. Todos eles sacrificaram-se a nível pessoal e profissional com a devida recompensa.

A forma profissional como estes exemplos encararam o râguebi merece reflexão e, para mim, apesar da conjugação de diferentes factores, foi uma das principais razões para termos alcançado algo que “só eles acreditavam”!

Por outro lado, nesta fase, estamos com dificuldades em competir com selecções como a Geórgia e a Roménia, que promovem a ida de jogadores para campeonatos profissionais, sendo a competição interna semelhante a Portugal, ou seja, amadora.

A frio, apesar do nosso jeito natural para o desporto, considero que os nossos jogadores não estão preparados para ir para fora (salvo algumas excepções) e que temos pouca capacidade para dar condições profissionais internamente, não sendo o amadorismo depreciativo ou sinónimo de falta de exigência.

Tem que ser fomentado por todos os agentes do râguebi uma cultura de trabalho, de superação, de exigência, de sacrifício e de organização, para colhermos frutos a médio prazo.

Os clubes devem-se focar na optimização dos seus recursos e jogadores, compreendendo o seu ambiente familiar e social e preparar os atletas para a alta competição, envolvendo nutricionistas, psicólogos, médicos, preparadores físicos, treinadores e famílias para o cumprimento de objectivos.

Não sinto, hoje em dia, por parte de muitos jogadores, o sacrifício, a motivação e o gosto pela superação que sentia por parte dos grandes exemplos de 2007. Ser atleta exige uma forma de estar diferente, em que todos os momentos devem ser aproveitados para obter melhores resultados.

Exige: Treinar com intensidade; cumprir planos de alimentação e suplementação; descanso. Ser profissional é também uma forma de estar.

Se houver compreensão familiar, organização diária, acompanhamento e sacrifício, não sendo a fórmula mágica, é meio caminho para a optimização dos resultados.