Polícia tailandesa lança ofensiva para expulsar manifestantes da oposição

Três mortos e dezenas de feridos numa operação que tem como objectivo desocupar edifícios públicos na capital. Primeira-ministra pode enfrentar processo de destituição.

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Pelo menos 100 pessoas foram detidas Kerek Wongsa/Reuters

Desde Novembro já morreram 14 pessoas em confrontos esporádicos entre a polícia, opositores e apoiantes da primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, mas esta terça-feira ficou marcada pelo início de uma intervenção mais musculada por parte das autoridades do país.

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Desde Novembro já morreram 14 pessoas em confrontos esporádicos entre a polícia, opositores e apoiantes da primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, mas esta terça-feira ficou marcada pelo início de uma intervenção mais musculada por parte das autoridades do país.

A operação, a que a polícia local chamou "Missão Paz para Banguecoque", envolveu cerca de 15.000 agentes e teve como objectivo expulsar os manifestantes de edifícios públicos nas zonas centro e norte da capital. Pelo menos 100 pessoas foram detidas nas imediações do Ministério da Energia.

"Um polícia morreu e 14 ficaram feridos. O agente morreu quando estava a ser levado para o hospital. Foi baleado na cabeça", disse à agência Reuters o responsável máximo da polícia tailandesa, Adul Saengsingkaew. Um comunicado do Centro Médico de Erawan, que concentra a informação sobre os hospitais de Banguecoque, avança que morreram três pessoas e 44 ficaram feridas, sem fazer distinções entre polícias e civis.

Há testemunhos contraditórios sobre de que lado partiram as primeiras acções violentas – manifestantes da oposição dizem que viram a polícia a disparar nas imediações da Ponte Phanfa, na zona velha da cidade, e a polícia acusa os manifestantes de terem lançado gás lacrimogéneo.

"Posso garantir que as forças de segurança não usaram gás lacrimogéneo. Não levaram esse equipamento. Os manifestantes é que lançaram gás lacrimogéneo contra as forças de segurança", disse à Reuters o director do Conselho de Segurança Nacional, Paradorn Pattanathabutr.

As imagens transmitidas pela televisão mostram o fumo do gás lacrimogéneo, mas também polícias armados com escudos e bastões a empurrar manifestantes nas proximidades da residência oficial da chefe do Governo, que não se encontra no local.

A mais recente onda de protestos na Tailândia, que começou em Novembro passado, é mais um capítulo da batalha de oito anos que tem oposto a classe média e a monarquia às classes mais desfavorecidas, nas zonas rurais do Norte.

Os alvos da fúria dos opositores são a primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, e o seu irmão, Thaksin Shinawatra, multimilionário das telecomunicações e antigo chefe do Governo. Os opositores acusam Yingluck de ser uma marioneta de Thaksin, que foi afastado num golpe militar em 2006 e fugiu do país depois de ter sido acusado de abuso de poder para favorecimento pessoal.

A família Shinawatra é acusada de nepotismo e corrupção e de comprar o apoio dos mais pobres com empréstimos e subsídios. O objectivo da oposição é derrubar o Governo e instituir um "conselho popular", que daria início a um processo de revisão constitucional e à marcação de eleições.

Os tailandeses foram a votos no início de Fevereiro, mas os resultados finais ainda não são conhecidos devido ao boicote de muitas das forças da oposição. O anúncio deverá ser feito no próximo domingo, mas nada deverá mudar na situação actual do país – o partido no Governo tem a vitória assegurada e a oposição continuará a gritar nas ruas o que considera ser a sua falta de legitimidade para liderar os destinos da Tailândia.

Primeira-ministra pode enfrentar processo de destituição
Para pressionar ainda mais a posição da primeira-ministra, a agência anticorrupção da Tailândia anunciou nesta terça-feira que vai apresentar uma queixa contra Yingluck Shinawatra relativa à gestão do programa para subsidiar a produção de arroz. Se a primeira-ministra for considerada culpada, a Comissão Nacional Anticorrupção diz que irá pedir o seu afastamento do cargo.

Yingluck Shinawatra reafirmou que o programa estatal não apresenta qualquer problema e disse que irá colaborar com a investigação da agência. "Devo reafirmar que o programa corresponde a uma política correcta e que não houve qualquer conspiração com vista a actos de corrupção", disse a primeira-ministra, que será ouvida no dia 27 de Fevereiro.

Após a sua chegada ao Governo, em Agosto de 2011, Yingluck Shinawatra lançou um programa para a compra de arroz aos camponeses pobres do Norte e do Leste do país 50% acima do valor do mercado. Desde então o programa ficou sem fundos suficientes, o que levou a queixas de má gestão de fundos públicos pela oposição, mas também a protestos de camponeses, que deixaram de receber pela sua produção.