Presidente italiano já recebeu partidos e vai pedir a Renzi que forme governo
Berlusconi vai continuar na oposição. O seu ex-delfim está pronto a negociar o apoio da direita ao centro-esquerda.
Foi o Partido Democrático (PD), de Letta e de Renzi, que decidiu a sorte de Letta. Foi Renzi quem decidiu que não ia esperar mais pela liderança. E, assim, os italianos preparam-se para ter pela terceira vez um governo liderado por alguém que não escolheram nas urnas: no fim de 2011, Napolitano afastou Berlusconi e deu posse a Mario Monti; depois das eleições de Março do ano passado, Pierluigi Bersani, candidato do PD, não conseguiu formar governo e Letta foi o escolhido pelo chefe de Estado para negociar uma coligação.
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Foi o Partido Democrático (PD), de Letta e de Renzi, que decidiu a sorte de Letta. Foi Renzi quem decidiu que não ia esperar mais pela liderança. E, assim, os italianos preparam-se para ter pela terceira vez um governo liderado por alguém que não escolheram nas urnas: no fim de 2011, Napolitano afastou Berlusconi e deu posse a Mario Monti; depois das eleições de Março do ano passado, Pierluigi Bersani, candidato do PD, não conseguiu formar governo e Letta foi o escolhido pelo chefe de Estado para negociar uma coligação.
Napolitano recebeu 15 delegações entre sexta-feira à tarde e sábado ao final do dia. Destes encontros veio a confirmação de que Silvio Berlusconi e a sua refundada Força Itália vão continuar na oposição. A audiência foi também uma espécie de cerimónia de legitimação política do antigo primeiro-ministro, obrigado a deixar o seu lugar no Senado por ter sido condenado por fraude fiscal.
“Vamos permanecer numa oposição construtiva”, disse Berlusconi. Depois, explicou ter dado conta a Napolitano da sua “preocupação e estupefacção com esta crise opaca que se abriu à margem do Parlamento e no seio de um só partido”.
Das audiências de sábado ficou ainda a saber-se que o antigo delfim de Berlusconi, Angelino Alfano, vice-primeiro-ministro cessante, está disposto a dar apoio ao novo executivo desde que veja cumpridas algumas condições.
Em primeiro lugar, Alfano diz que “o eixo da actual coligação direita-esquerda não se pode deslocar para a esquerda”. “Diríamos que não a um governo assim”, afirmou aos jornalistas em Roma. Alfano quer ainda “fazer as coisas em grande” para tirar o país da crise, centrando-se na classe média, disse, sem avançar muitos pormenores. “Mas para fazer as coisas em grande, é preciso tempo. Não podemos concluir um acordo em 48 horas e depois do acordo concluído devemos deixar tudo preto no branco”, explicou.
Sem os 30 senadores do Novo Centro Direita, de Alfano, uma cisão do antigo Povo da Liberdade, de Berlusconi, Renzi não conseguirá a maioria no Senado. Depois de ser mandatado pelo Presidente, o novo líder do centro-esquerda sabe que terá de negociar com Alfano. Provavelmente, essas negociações vão demorar mais tempo do que desejaria.