“Se o assunto não fosse sério diria que a CGD vai voltar aos lucros quando o Benfica for campeão”

Banco do Estado apresentou um prejuízo de 576 milhões de euros no exercício de 2013.

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O presidente da CGD, José Matos, atribuiu o desempenho negativo à persistência dos baixos níveis da taxa Euribor, aos elevados encargos do empréstimo estatal de Cocos (instrumentos de capital contingente) e à constituição de 1125 milhões de euros de provisões para fazer face a imparidades, nomeadamente de crédito.

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O presidente da CGD, José Matos, atribuiu o desempenho negativo à persistência dos baixos níveis da taxa Euribor, aos elevados encargos do empréstimo estatal de Cocos (instrumentos de capital contingente) e à constituição de 1125 milhões de euros de provisões para fazer face a imparidades, nomeadamente de crédito.

“Se o assunto fosse para brincar diria que a CGD vai voltar aos lucros quando o Benfica for campeão. Como é sério, não posso brincar”, declarou José Matos, durante a apresentação das contas de 2013, ao ser inquirido sobre quais as expectativas de regresso aos lucros por parte do maior grupo bancário português. O CEO adiantou, em todo o caso, que “2014 será melhor que 2013 e quando a economia portuguesa recuperar e voltar à velocidade de cruzeiro os lucros da CGD vão aparecer e serão robustos.” No futuro, sublinhou, “estamos em melhores condições para prosseguir os nossos objectivos estratégicos”.

A “fragilidade da actividade económica em Portugal, não obstante a recuperação recente, e o elevado custo das provisões e imparidades (1125 mil milhões)”, apesar de terem caído 24%, ajudaram a deteriorar as contas em 2013 que ficaram negativas em  575,8 milhões, reflectindo o esforço desenvolvido pela actual equipa de gestão para limpar o balanço (que levou à venda das posições na PT e no BCP). Um plano que passa pela reestruturação da actividade (sucursal e banco) do grupo em Espanha, onde apurou prejuízos de 182,5 milhões.

A queda da margem financeira em 30,8% (para 858 milhões de euros), o recuo das comissões líquidas em 3,8% (522 milhões) e a redução do produto bancário em 26% (1,704 mil milhões) são também factores que ajudaram as contas a ficar no vermelho.

Ao nível dos depósitos, a CGD destaca que houve um crescimento de 1,3% face a 2012, ascendendo no final do ano passado a 67.623 milhões de euros, “dos quais 70% correspondiam a depósitos a prazo e de poupança”. Os recursos de clientes subiram, 1,3%, atingindo 67.824 milhões de euros.

Quanto ao crédito, houve, diz a instituição, uma variação homóloga de 6,7% na contratação de novas operações ligadas ao crédito à habitação. Olhando para o crédito a clientes, tendo em conta os depósitos, o rácio de transformação desceu para os 103,6%, quando no início de 2012 estava nos 112%, reflectindo assim o processo de desendividamento recomendado pela troika

“O nosso plano de actividade em 2014 não contempla uma injecção de capital”, garantiu José Matos, alegando que “a venda [aos chineses da Fosun] da área seguradora Fidelidade”, vai ajudar a reforçar os rácios de capital e de solvabilidade. Em Dezembro, rácio Core Tier 1 situou-se em 11,5% (segundo os critérios do Banco de Portugal, o mínimo é de 10%) e em 9,2% (segundo a entidade bancária europeia, a EBA, o mínimo é de 9%).

A CGD sublinha ainda que o financiamento contraído junto do Banco Central Europeu (BCE) desceu 2080 milhões de euros, situando-se, no final de Dezembro passado, nos 6335 milhões de euros.

“A Caixa está a transformar-se, está a mudar para tornar o grupo mais sustentável” e, deste modo, ajudar à recuperação da economia e apoiar as em empresas”, com a concessão de crédito, explicou José Matos.

No contexto do programa de ajustamento, a CGD reduziu o seu quadro de pessoal em Portugal, em 500 pessoas, “sem ter que despedir ninguém”, e encerrou  60 balcões. A 31 de Dezembro do ano passado trabalhavam 9892 pessoas no banco público, com a rede comercial a contar com 766 balcões.

As operações internacionais, excluindo as de Espanha (onde o custo com as rescisões foi de 41 milhões, tendo-entre 250 a 270 colaboradores deixado o banco português), contribuíram para o resultado consolidado da CGD com 99,2 milhões de euros positivos, mas abaixo dos 118,1 milhões de euros de 2012. A actividade em África e Ásia ajudou com 92,6 milhões e a da sucursal de França com 23,4 milhões. No entanto, no seu conjunto o impacto das operações internacionais nas contas consolidadas foi negativo em 83,3 milhões de euros.

Maus resultados

A CGD junta-se assim ao BCP e ao BES entre os maiores bancos com prejuízos no ano passado.

O banco presidido por Nuno Amado teve perdas de 740,4 milhões de euros, ainda assim inferiores aos 1200 milhões de 2012, beneficiando das operações internacionais. Já o BES sofreu um prejuízo de em 539,5 milhões de euros, quando em 2012 tinha reportado um lucro de 8,5 milhões.

Já o BPI manteve-se em terreno positivo, com um lucro de 66,8 milhões, embora menos menos 73,2% do que em 2012 (249,1 milhões de euros). Também aqui, a actividade internacional foi fundamental para os resultados.  O Santander Totta, de capitais espanhóis, viu os lucros descerem 59,2% para 102 milhões de euros.

Notícia actualizada com declarações do presidente da CGD