Ministério Público brasileiro pergunta a Duarte Lima se matou Rosalina por causa de seis milhões
Procurador brasileiro enviou 46 perguntas para o advogado português via carta rogatória
“O réu matou Rosalina Ribeiro por causa de seis milhões de euros?”, questiona, sem rodeios, o procurador brasileiro Eduardo Luiz Rolins de Faria, que enviou 46 perguntas a Duarte Lima, via carta rogatória, para Portugal.
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“O réu matou Rosalina Ribeiro por causa de seis milhões de euros?”, questiona, sem rodeios, o procurador brasileiro Eduardo Luiz Rolins de Faria, que enviou 46 perguntas a Duarte Lima, via carta rogatória, para Portugal.
Do documento, que será cumprido por uma juíza da 6ª vara criminal de Lisboa, constam as 46 perguntas do Ministério Público brasileiro e 27 da defesa do advogado, acusado de ter assassinado a sua cliente Rosalina Ribeiro a 7 de Dezembro de 2009 em Saquarema, nos arredores do Rio de Janeiro. Duarte Lima será questionado sobre o homicídio e, caso o negue, se acredita haver algum motivo para o terem incriminado, ou ainda, se sabe quem foi responsável pela morte.
Porque ligou para uma loja de armas do hotel de Belo Horizonte? Onde ficou hospedado no Rio de Janeiro e como pagou essa hospedagem? Porque marcou encontro com Rosalina à noite, fora da casa dela, sabendo que ela não gostava de sair depois das 18 horas? Estas são algumas das perguntas que constam do documento.
O procurador quer saber também se Rosalina Ribeiro deu alguma procuração a Duarte Lima, quando e para que fim.
É ainda perguntado quantas vezes o advogado pediu à vítima para assinar documentação “isentando-o de qualquer responsabilidade em relação aos valores transferidos para a sua conta bancária”, e qual o desfecho do processo em Portugal sobre a transferência desses valores, "de forma indevida", da conta de Rosalina para a dele. A acusação questiona o motivo pelo qual Duarte Lima foi, em Dezembro de 2009, ao Brasil, e porque chegou ao país via Belo Horizonte - onde alugou um carro - e não pelo Rio de Janeiro, onde se encontrou com Rosalina, e por que levou um telemóvel pré-pago de Portugal. O Ministério Público quer igualmente saber por que motivo o arguido se desfez do telemóvel um dia após a morte de Rosalina.
Saber porque é que Duarte Lima devolveu o carro em que se deslocava com um tapete novo e por que razão disse à polícia que não se lembrava do nome do local onde o havia alugado, depois de ter contactado a empresa para tratar de multas que lhe foram aplicadas são outros objectivos das autoridades brasileiras. A acusação quer esclarecer o que levou o arguido a deslocar-se aos arredores do local onde o corpo foi encontrado.
Na parte das questões da defesa, os advogados João Costa Ribeiro Filho e Saulo Alexandre Morais e Sá instigam Duarte Lima a recordar o seu relacionamento com Rosalina e a forma como esta lhe pagou os honorários. “D. Rosalina transferiu em 2001 cerca de 5 milhões de euros para a sua conta bancária localizada no banco suíço UBS? A que título foi feita essa transferência”, questiona a defesa. Os advogados perguntam a Duarte Lima com quem deixou Rosalina Ribeiro em Maricá, se o carro utilizado por essa pessoa era claro ou escuro e se em algum momento a vítima lhe falou no nome de Gisele.
A investigação da polícia brasileira nunca conseguiu identificar Gisele, que foi com quem Duarte Lima disse ter deixado Rosalina.
A defesa chama a atenção para a relação conturbada entre Rosalina Ribeiro e Olímpia Feteira, filha de Lúcio Tomé Feteira, e chega a sugerir que Rosalina estivesse assustada com a presença de Olímpia no Rio de Janeiro, pouco tempo antes de sua morte. Questionam ainda o facto de Rosalina ter feito alterações no seu testamento em Portugal, em 2009, uma semana antes de partir para o Brasil. Quem são os beneficiários e quem foi prejudicado com a alteração é outra questão que põem em cima da mesa.
Duarte Lima será julgado no Brasil por um tribunal de júri, provavelmente sem a sua presença, mas com advogados a representá-lo.