Cartas de chamada: um investigador argentino com raízes na Guarda
A família do historiador partilha uma história migratória múltipla.
Na memória, o professor que tem estudado pormenorizadamente a emigração portuguesa guarda as histórias que o avô Borges lhe contava e que lhe aguçavam a curiosidade de miúdo. As histórias da aldeia do avô, da sua ida para Lisboa, de como ficou deslumbrado com o Campo Pequeno, da viagem para a Argentina ainda moço. “Como tantos outros argentinos, a nossa família partilha uma história migratória múltipla.
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Na memória, o professor que tem estudado pormenorizadamente a emigração portuguesa guarda as histórias que o avô Borges lhe contava e que lhe aguçavam a curiosidade de miúdo. As histórias da aldeia do avô, da sua ida para Lisboa, de como ficou deslumbrado com o Campo Pequeno, da viagem para a Argentina ainda moço. “Como tantos outros argentinos, a nossa família partilha uma história migratória múltipla.
"A minha avó Carreira mantinha vivas as histórias de parentes de aquém e além-mar”, recorda. Cresceu a ouvir relatos de partidas e de chegadas, de parentes portugueses e daqueles que ficaram em Santos, no Brasil. “É impossível não vincular essas vivências com o meu interesse académico pelas migrações”, conta.
O seu percurso é também uma história de emigração. Há mais de 20 anos que não vive na Argentina. Depois de frequentar a Universidade Nacional de La Plata, tirou o doutoramento em História na Universidade de Rutgers, em Nova Jérsia, Estados Unidos. Neste momento, é professor de História no Dickinson College, na Pensilvânia, mas está agora na Holanda, no Instituto de Estudos Avançados em Humanidades e Ciências Sociais, como investigador residente até ao final do ano. Tem vivido alguns períodos em Portugal, continente e ilhas, e em Espanha, para estudar fenómenos migratórios. “As circunstâncias são diferentes das migrações laborais dos séculos XIX e XX, mas tenho alguma ideia dos sentimentos e emoções ligados à migrações e da vida entre o cá e o lá”, confessa ao PÚBLICO.
Os interessados em colaborar no seu actual projecto de investigação devem contactar o docente através do email cartas@dickinson.edu. O investigador garante confidencialidade do material cedido, de todos os dados pessoais, e está disponível para ir a casa das pessoas conversar e digitalizar o que for disponibilizado.