Os zepelins ainda vivem, ou melhor, vivem de novo!

Se é verdade que, em cenários futuristas, já se desenharam estâncias de turismo aéreas, este poderá ser o primeiro passo nesse sentido, no novo advento da invenção de Ferdinand von Zeppelin

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John Schults/Reuters

Já passaram quase 80 anos desde que o Hindenburg se despenhou e ardeu depois de um passeio à volta de Nova Iorque. E também já passam 140 anos desde o Conde Ferdinand von Zeppelin idealizou e desenhou este tipo de aeronaves que haveriam de navegar nos céus a partir de 1900 (curiosamente, a primeira companhia aérea de sempre, a DELAG, foi fundada em 1909 e oferecia voos comerciais em zepelins, alguns anos antes do primeiro voo comercial em avião, o que só ocorreria em 1916).

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Já passaram quase 80 anos desde que o Hindenburg se despenhou e ardeu depois de um passeio à volta de Nova Iorque. E também já passam 140 anos desde o Conde Ferdinand von Zeppelin idealizou e desenhou este tipo de aeronaves que haveriam de navegar nos céus a partir de 1900 (curiosamente, a primeira companhia aérea de sempre, a DELAG, foi fundada em 1909 e oferecia voos comerciais em zepelins, alguns anos antes do primeiro voo comercial em avião, o que só ocorreria em 1916).

A importância dos zepelins desvaneceu-se em meados do séc.XX não só devido ao Hindenburg, mas principalmente porque se tornaram óbvios os perigos inerentes ao uso de gases como o hidrogénio e o hélio. Outro factor importante teve a ver com a evolução dos aviões comerciais, que em breve teriam versões com grandes vantagens: velocidade, capacidade e conforto.

O seu uso só voltou a ser conhecido pelo público em geral quando, em Setembro de 2013, o “entrepreneur” Igor Pasternak anunciou que já tinham sido feitos testes para o uso de protótipos seus, como o Dragon Dream, capaz de transportar carga de grandes dimensões a velocidades superiores a 100 milhas por hora ao mesmo tempo que não precisa de pista ou de qualquer outra infraestrutura no solo para carga, descarga, descolagem ou aterragem.

O trabalho de Pasternak assemelha-se em muito ao do cientista louco, em quem só se acredita quando a obra termina com sucesso. Nascido na União Soviética há 49 anos (no que é agora o Cazaquistão) e formado em Engenharia Civil, fundou a sua companhia assim que a perestroika de Mikhail Gorbachev permitiu a iniciativa privada na URSS. Em 1993, aquando do golpe de estado e colapso do país, emigrou mesmo para os EUA (Califórnia) para aí prosseguir o seu trabalho.

Cercado da família e de amigos pessoais, Pasternak nunca desistiu do sonho, mesmo quando num acidente, em 2000, perdeu a irmã Marina e uma amiga, Levon Samamyam, num acidente de intoxicação por fuga de hélio.

Foi a meio da noite que Pasternak teve a ideia de como fazer a transferência de carga que permite ao seu balão descarregar material sem estar preso ao solo: a solução do submarino, que usa tanques de ar para submergir e emergir. A ideia de Pasternak é igualmente simples e recorre a um enorme tanque de água que enche ao mesmo tempo que ocorre a carga é retirada do balão, mantendo o peso e estabilidade do mesmo; uma técnica de pressurização e libertação de hélio e ar é utilizada simultaneamente no processo.

Mas quem poderá estar interessado nisto? Por exemplo, para a empresa Amur Minerals, que explora minas de cobre e níquel na Sibéria, fica claro que “construir umas pontes onde passe um Toyota Land Cruiser não é muito caro, mas construir pontes onde passe um Caterpillar 777, um camião de 87 toneladas, é muito muito muito caro”. Se assim não fosse, a hipótese de um investimento superior a 100 milhões de euros para a construção de uma estrada de 350 quilómetros seria mesmo real.

Sucesso no horizonte? É provável que sim, dado que a NASA, a DARPA (agência do Pentágono para projectos de Defesa) e a Lockheed (o maior fornecedor do Departamento de Defesa dos EUA) já “entregaram” 50 milhões de dólares à Worldwide Aeros de Pasternak para continuar a sua investigação e trabalho.

Se é verdade que, em cenários futuristas, já se desenharam estâncias de turismo aéreas, capazes de circular livremente à volta do mundo (como se de cruzeiros se tratassem), este poderá ser o primeiro passo nesse sentido, no novo advento da invenção de Ferdinand von Zeppelin.