PSD e CDS elogiam operação de dívida, oposição diz que taxas são insuportáveis
António José Seguro, secretário-geral do PS, considera "insuportável" a taxa obtida pelo Estado português na emissão de dívida a dez anos.
Miguel Frasquilho, deputado e vice-presidente da bancada do PSD, afirmou na Assembleia da República que é "um dado adquirido" que Portugal "não vai ter um segundo resgate" e, "a partir daí, uma saída favorável pode acontecer tanto com um programa cautelar, que é uma rede de proteção europeia, como com uma saída limpa".
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Miguel Frasquilho, deputado e vice-presidente da bancada do PSD, afirmou na Assembleia da República que é "um dado adquirido" que Portugal "não vai ter um segundo resgate" e, "a partir daí, uma saída favorável pode acontecer tanto com um programa cautelar, que é uma rede de proteção europeia, como com uma saída limpa".
O social-democrata disse que Portugal "ficou com as necessidades de financiamento para a este ano quase totalmente cobertas" com a emissão de 3 mil milhões de euros de dívida pública a dez anos realizada esta terça-feira, em que "a procura superou três vezes a oferta" e a taxa de juro "andará à volta de 5,1%". Miguel Frasquilho referiu que "80 a 90% da dívida será colocada em investidores estrangeiros, mostrando o interesse dos investidores internacionais nesta operação".
"Foi dado mais um passo para que Portugal possa terminar este programa de ajustamento da forma mais favorável possível, como todos ambicionamos", acrescentou. Questionado sobre "a forma mais favorável" de Portugal sair do atual programa de resgate, o economista e antigo secretário de Estado do Tesouro e Finanças respondeu que "é muito cedo" para se optar entre um "programa cautelar" e uma "saída limpa", como fez a Irlanda.
Do lado do CDS, a deputada Cecília Meireles afirmou que, "cada vez mais, emitir dívida em mercado para Portugal deixou de ser a excepção e está-se a tornar habitual".
"Isto torna-nos mais próximos de chegarmos ao fim do resgate e, por outro lado, também nos torna mais autónomos face aos credores internacionais", acrescentou.
Mas do lado da oposição ao Governo, o secretário-geral do PS, António José Seguro, considerou "insuportável" para as contas públicas a taxa obtida pelo Estado português na emissão de dívida a dez anos, adiantando que irá acrescentar problemas ao país. "A taxa alcançada é insuportável para as contas públicas portuguesas", afirmou o líder socialista, na sede do partido, salientando que a dívida pública nacional cresceu agora mais três mil milhões de euros.
O líder socialista disse "não compreender onde estão as razões para o Governo festejar" o resultado da operação nos mercados internacionais. "Bem pelo contrário, infelizmente, há razões para o Governo se preocupar e, por isso, recomendaria muita prudência ao Governo. Uma taxa de cinco por cento é uma taxa insuportável para as contas públicas do país - contas públicas que queremos equilibradas", sustentou.
O BE considerou "incomportáveis" os juros com que Portugal se financiou no mercado a dez anos, defendendo que não há reflexo entre a colocação de dívida e o "milagre” económico "que o Governo quer apresentar".
"Esta taxa de juro é completamente incomportável, ela torna a dívida muito difícil e muito mais pesada no futuro. É um bom negócio para a banca e um péssimo negócio para o Estado", declarou a deputada do Bloco Mariana Mortágua, que acrescnetou não existir "nenhum reflexo" entre os juros da operação de hoje "e o milagre que o Governo quer apresentar".