“Estão a matar o râguebi feminino”, acusa a capitã do Benfica
Segundo os responsáveis pela equipa benfiquista, a FPR devia pressionar os clubes para que só jogassem sevens se também jogassem XV
Para a época 2013-14, a maioria dos clubes nacionais de râguebi feminino apostou nos sevens, e colocou a modalidade na variante de XV de parte (que em Portugal é jogada com 13 jogadoras). A Federação Portuguesa de Rugby (FPR) não se opôs e, actualmente, não há qualquer competição oficial de XV a nível nacional.
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Para a época 2013-14, a maioria dos clubes nacionais de râguebi feminino apostou nos sevens, e colocou a modalidade na variante de XV de parte (que em Portugal é jogada com 13 jogadoras). A Federação Portuguesa de Rugby (FPR) não se opôs e, actualmente, não há qualquer competição oficial de XV a nível nacional.
Nuno Luís Lopes, treinador da equipa de râguebi feminino do Benfica, explica que “todas as equipas do Norte e Centro do país decidiram apostar [nesta época] na variante de sevens”, e não inscreveram equipas no XV.
“As equipas entenderam que não tinham desempenho desportivo que fosse equilibrado para jogar com o Benfica e com o Técnico, as duas equipas mais competitivas que, no ano passado, ganharam por muitos pontos”, esclareceu o treinador, que lamenta que a FPR não tenha feito “muita força para que se mantivesse um campeonato de XV”.
Se por um lado, a variante de sevens, onde os torneios são disputados em dois ou três dias, requer que as atletas sejam ágeis e, portanto, mais leves, por outro, no XV as equipas são mais polivalentes.
Nuno Luís Lopes, acrescenta que em Lisboa há equipas “com estrutura” para jogar XV e que o Benfica “estava preparado para continuar” a disputar esse campeonato. “Houve uma regressão absoluta naquilo que foi a evolução da modalidade, na variante feminina. A mesma acabou por ficar suspensa”, refere.
Perante este facto, o técnico considera que deveriam ser tomadas medidas: “Tem de haver trabalho por parte da FPR. Falta-nos uma pirâmide, ou seja, jogadoras que tenham uma base com escalões etários mais jovens. Há mais jogadoras seniores do que jovens e, a longo prazo, isto não é muito sustentável.”
A capitã da equipa feminina do Benfica, Catarina Ferreira, de 33 anos, é da mesma opinião e frisa a “desmotivação” que há na equipa: “Treinar sem competir não faz sentido. Treinamos com que objectivo? Para ficarmos em forma? Para isso podemos ir correr na rua. De facto, não é fácil motivar pessoas para uma competição que possa vir a existir, não se sabe quando nem com quem.”
“Devia haver mais competição de XV. A FPR devia pressionar os clubes, a médio prazo, para que só jogassem sevens se também jogassem XV. Assim, estão a matar o râguebi feminino”, concluiu a atleta.