Os maus ventos agora vêm da Alemanha
Os dados apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta segunda-feira surpreenderiam que, no início do ano, tentasse adivinhar o impacto da crise da economia espanhola nas empresas exportadoras portuguesas. Nessa altura, a maior parte das expectativas apontava para que uma recessão em Espanha provocasse uma queda das vendas para aquele que é há vários anos o principal comprador de produtos portugueses.
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Os dados apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta segunda-feira surpreenderiam que, no início do ano, tentasse adivinhar o impacto da crise da economia espanhola nas empresas exportadoras portuguesas. Nessa altura, a maior parte das expectativas apontava para que uma recessão em Espanha provocasse uma queda das vendas para aquele que é há vários anos o principal comprador de produtos portugueses.
Afinal, o que aconteceu foi exactamente o contrário. As exportações para Espanha cresceram 9,9% e o peso do mercado espanhol para as empresas nacionais aumentou para 23,6%. É verdade que, no final do ano, a economia espanhola conseguiu melhores resultados do que se previa, mas a grande explicação para este desempenho das empresas portuguesas no mercado do país vizinho está nos combustíveis. É para a Espanha que se dirige uma grande parte das vendas realizadas pela Galp.
Quem não beneficiou desse factor foi o segundo destino das exportações portuguesas, a Alemanha. Apesar de a maior potência económica europeia ter conseguido resistir à recessão, manteve uma atitude muito prudente no que diz respeito à evolução dos salários e, por consequência, do consumo. Esta é uma das explicações para que as vendas de produtos portugueses para a Alemanha tenham caído 1,7%, fazendo com que este país quase perdesse o segundo posto para a Alemanha no ranking dos principais destinos para as exportações portuguesas.
Os mercados extracomunitários voltaram a ser aqueles onde as taxas de crescimento das exportações foram maiores, confirmando a ideia de que as empresas portuguesas estão a conseguir encontrar alternativas a uma Europa em que as taxas de crescimento potenciais são muito baixas. No entanto, mercados que nos anos anteriores geraram grandes ganhos, como a China e, principalmente, Angola, estiveram em 2013 bastante menos exuberantes.
Na China, registou-se mesmo uma queda das exportações de 15,3%, um resultado tão negativo que pode encontrar explicações em mudanças dos portos de destino (as exportações para Hong Kong aumentaram 6%, por exemplo). Para a Ásia, no total, registou-se uma diminuição de 5,3%.
Em Angola, o crescimento das exportações foi de “apenas” 4,1%, um valor que fica muito longe dos registados nos anos anteriores e que ajudaram a colocar este país no top cinco dos principais destinos.
A compensar estes resultados mais fracos da Ásia e Angola estiveram países como os Estados Unidos e Marrocos.