Crescente Vermelho sírio alvo de disparos quando levava ajuda a Homs

Cidade Velha estava há 600 dias sitiada, com 2500 a 3000 pessoas a precisarem desesperadamente de tudo.

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Sexta-feira saíram de Homs 83 pessoas, que já receberam kits de ajuda AFP

A ONU e o Crescente Vermelho passaram horas à espera de poderem avançar para levar ajuda à mais castigada das cidades sírias. Sexta-feira, dezenas de pessoas que ali estavam há 600 dias foram finalmente retiradas, mas sábado o regime a oposição acusaram-se mutuamente de terem quebrado a trégua acordada.

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A ONU e o Crescente Vermelho passaram horas à espera de poderem avançar para levar ajuda à mais castigada das cidades sírias. Sexta-feira, dezenas de pessoas que ali estavam há 600 dias foram finalmente retiradas, mas sábado o regime a oposição acusaram-se mutuamente de terem quebrado a trégua acordada.

Cinco explosões foram sentidas nos bairros da Cidade Velha, a zona cercada pelo regime, diz a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que conta com uma grande rede de activistas e fontes médicas e militares.

“Os sectores cercados começaram a ser bombardeados no sábado de manhã”, diz a oposição num comunicado, assegurando que os disparos vêm de zonas de maioria alauita, pró-Governo, que fazem fronteira com os bairros sitiados. “Os bombardeamentos atingem também a estrada que o comboio humanitário deveria usar.”

Como habitualmente, o regime acusa a oposição. “Grupos terroristas armados romperam a trégua esta manhã na Cidade Velha de Homs com disparos contra a sede da polícia”, diz Talal al-Barazi, o governador da província com o mesmo nome da cidade. Barazi pediu “contenção” ao Exército de Bashar al-Assad “para permitir a saída dos civis”.

Depois de algumas horas de acalmia, as viaturas com alimentos, kits médicos e de higiene, colchões, cobertores e algum dinheiro “para fazer face às necessidades imediatas dos que decidirem sair da zona e dos que permanecem no interior”, lá avançaram. Seguiram-se os disparos e nova troca de acusações entre o regime e a oposição.

Na sexta-feira já saíram 83 pessoas, crianças, mulheres e idosos. Uma ínfima parte dos 2500 a 3000 civis que se estima estarem ali bloqueados, há muito sem acesso a qualquer tipo de ajuda. Há meses que se acumulam os relatos de gente que morre por falta de tratamento e de pessoas forçadas a comer ervas.

Homs, no Centro da Síria, foi a primeiras das grandes cidades do país a revoltar-se contra o poder de Assad. Os rebeldes conseguiram ganhar o controlo de grande parte dos bairros e Homs tornou-se uma espécie de capital da revolução. Mas a resposta do regime foi feroz: civis foram bombardeados durante meses e cidade está praticamente destruída; as forças de Damasco recuperaram quase todo o território nos últimos dois anos mas o centro histórico resiste.