Site divulga quais os caminhos amigos da bicicleta em Lisboa
Plataforma foi criada para uma tese de mestrado e já registou quatro mil pesquisas no primeiro mês de vida
“As cidades como Lisboa e Porto são hostis [para os ciclistas]”, sustenta Nelson Nunes. Mesmo assim, cada vez existem mais bicicletas a circular em meios urbanos. Mas nem sempre é fácil encontrar caminhos que permitam aos utilizadores deste meio de transporte pedalarem com mais facilidade e conviverem pacificamente com os automóveis. Partindo dos testemunhos de 892 ciclistas sobre quais os critérios que consideram mais importantes para melhor circular, Nelson Nunes criou o CycleOurCity. Esta plataforma online dá informações sobre a “inclinação, segurança e tipo de pavimento das vias”, refere. Cada classificação tem uma cor, e quem a aplica são os utilizadores. Normalmente, ciclistas experientes que já conhecem muitos locais da cidade. De momento são 2000 os troços já classificados. A maioria na área mais central de Lisboa, como em redor do Marquês de Pombal.
A pesquisa é rápida. Depois de situar os pontos de início e de fim do trajecto, o utilizador tem acesso a um percurso classificado (se alguém registou os dados) troço a troço. O sistema está programado para filtrar as classificações quando os utilizadores escolhem uma das opções sugeridas.
Quando um troço é classificado pela primeira vez, e se não existe um histórico da pessoa no site, essa opinião fica lá até ser contradita por outras. Só é possível reverter uma determinada classificação quando opções opostas se cruzam e aí pesa o registo de cada um. “Cada utilizador tem uma rotação dentro do sistema, com base nas classificações que já fez”, explica Nelson. Só se a rotação for baixa, portanto já existir troços mal classificados pela pessoa, é que o sistema não assume a classificação que o utilizador propõe.
Caminhos por classificar
Quem olhar agora para o mapa verificará que ainda existem muitos caminhos cinzentos, os não classificados. Apesar disso, Nelson Nunes está optimista porque desde finais de Dezembro (quando abriu) o site angariou 110 utilizadores registados e pelo menos 4000 pesquisas feitas. Os ciclistas são o público do projecto e também a mão-de-obra. Agora, Nelson está a trabalhar como consultor informático, mas o tempo livre de que dispõe é dedicado a desenvolver a plataforma. Em estudo está a hipótese de diversificar o sistema de classificação das vias, introduzindo novos parâmetros. “Falta também conseguir exportar o sistema para GPS, algo sugerido pelos utilizadores”, conta. Se a adesão o justificar, o site poderá crescer para outras cidades, nacionais ou internacionais.
Por enquanto, a plataforma “ainda está a aprender”, diz João Barreto, orientador da tese de mestrado de Nelson Nunes. O professor universitário defende que “para funcionar, o sistema tem de ter os atributos actualizados regularmente”. Dar aos utilizadores o poder de detalhar e classificar os trajectos foi a solução adoptada para garantir isso. “Vimos que a ideia tinha potencial e investimos de modo a abrir o site ao público. E houve uma receptividade positiva”, conclui entusiasmado.
Por sua vez, no Porto, já está disponível há cerca de dois anos, uma aplicação para smarthphones ou tablets, a SenseMyCity, feita no âmbito do programa Future Cities. Tânia Calçada, uma das investigadoras, explicou que “a aplicação mede a mobilidade das pessoas, e pode ajuda-las a fazerem cálculos para usarem no quotidiano”. O sistema grava a rotina diária do utilizador e assim se extraem dados que podem ser recolhidos para estudo se tal for autorizado pela pessoa.
Federação quer ver privados a ajudar iniciativas como o CycleOurCity
O presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicletas (FPCUB), José Manuel Caetano, diz ao PÚBLICO, que “já é altura” de as empresas produtoras de velocípedes e as promotoras do turismo apoiarem e divulgarem projectos como o CycleOurCity.
José Manuel Caetano diz que estas empresas só teriam a ganhar se apoiassem este tipo de iniciativas. Afinal, “habitualmente vários cruzeiros atracam no porto de Lisboa carregados de turistas que elegem a bicicleta como meio de transporte”, afirma. Ele próprio, garantiu, traçará alguns percursos no site. Com experiência de circular por Lisboa de bicicleta há 66 anos, o presidente da FPCUB acredita que “a ideia é boa e que esta plataforma é importante, apesar de precisar de crescer mais”.
Porém, termina dizendo que ainda “é preciso mudar as mentalidades” porque é bem possível andar de bicicleta por Lisboa, apesar do que muitos pensam. “Cada um deve estudar o melhor caminho e aventurar-se pela cidade”, sugere o presidente, que sempre circulou “sem problemas maiores”. Por outro lado, “são precisas melhorias que facilitem o uso da bicicleta, como mais estacionamentos”, conclui.
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“As cidades como Lisboa e Porto são hostis [para os ciclistas]”, sustenta Nelson Nunes. Mesmo assim, cada vez existem mais bicicletas a circular em meios urbanos. Mas nem sempre é fácil encontrar caminhos que permitam aos utilizadores deste meio de transporte pedalarem com mais facilidade e conviverem pacificamente com os automóveis. Partindo dos testemunhos de 892 ciclistas sobre quais os critérios que consideram mais importantes para melhor circular, Nelson Nunes criou o CycleOurCity. Esta plataforma online dá informações sobre a “inclinação, segurança e tipo de pavimento das vias”, refere. Cada classificação tem uma cor, e quem a aplica são os utilizadores. Normalmente, ciclistas experientes que já conhecem muitos locais da cidade. De momento são 2000 os troços já classificados. A maioria na área mais central de Lisboa, como em redor do Marquês de Pombal.
A pesquisa é rápida. Depois de situar os pontos de início e de fim do trajecto, o utilizador tem acesso a um percurso classificado (se alguém registou os dados) troço a troço. O sistema está programado para filtrar as classificações quando os utilizadores escolhem uma das opções sugeridas.
Quando um troço é classificado pela primeira vez, e se não existe um histórico da pessoa no site, essa opinião fica lá até ser contradita por outras. Só é possível reverter uma determinada classificação quando opções opostas se cruzam e aí pesa o registo de cada um. “Cada utilizador tem uma rotação dentro do sistema, com base nas classificações que já fez”, explica Nelson. Só se a rotação for baixa, portanto já existir troços mal classificados pela pessoa, é que o sistema não assume a classificação que o utilizador propõe.
Caminhos por classificar
Quem olhar agora para o mapa verificará que ainda existem muitos caminhos cinzentos, os não classificados. Apesar disso, Nelson Nunes está optimista porque desde finais de Dezembro (quando abriu) o site angariou 110 utilizadores registados e pelo menos 4000 pesquisas feitas. Os ciclistas são o público do projecto e também a mão-de-obra. Agora, Nelson está a trabalhar como consultor informático, mas o tempo livre de que dispõe é dedicado a desenvolver a plataforma. Em estudo está a hipótese de diversificar o sistema de classificação das vias, introduzindo novos parâmetros. “Falta também conseguir exportar o sistema para GPS, algo sugerido pelos utilizadores”, conta. Se a adesão o justificar, o site poderá crescer para outras cidades, nacionais ou internacionais.
Por enquanto, a plataforma “ainda está a aprender”, diz João Barreto, orientador da tese de mestrado de Nelson Nunes. O professor universitário defende que “para funcionar, o sistema tem de ter os atributos actualizados regularmente”. Dar aos utilizadores o poder de detalhar e classificar os trajectos foi a solução adoptada para garantir isso. “Vimos que a ideia tinha potencial e investimos de modo a abrir o site ao público. E houve uma receptividade positiva”, conclui entusiasmado.
Por sua vez, no Porto, já está disponível há cerca de dois anos, uma aplicação para smarthphones ou tablets, a SenseMyCity, feita no âmbito do programa Future Cities. Tânia Calçada, uma das investigadoras, explicou que “a aplicação mede a mobilidade das pessoas, e pode ajuda-las a fazerem cálculos para usarem no quotidiano”. O sistema grava a rotina diária do utilizador e assim se extraem dados que podem ser recolhidos para estudo se tal for autorizado pela pessoa.
Federação quer ver privados a ajudar iniciativas como o CycleOurCity
O presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicletas (FPCUB), José Manuel Caetano, diz ao PÚBLICO, que “já é altura” de as empresas produtoras de velocípedes e as promotoras do turismo apoiarem e divulgarem projectos como o CycleOurCity.
José Manuel Caetano diz que estas empresas só teriam a ganhar se apoiassem este tipo de iniciativas. Afinal, “habitualmente vários cruzeiros atracam no porto de Lisboa carregados de turistas que elegem a bicicleta como meio de transporte”, afirma. Ele próprio, garantiu, traçará alguns percursos no site. Com experiência de circular por Lisboa de bicicleta há 66 anos, o presidente da FPCUB acredita que “a ideia é boa e que esta plataforma é importante, apesar de precisar de crescer mais”.
Porém, termina dizendo que ainda “é preciso mudar as mentalidades” porque é bem possível andar de bicicleta por Lisboa, apesar do que muitos pensam. “Cada um deve estudar o melhor caminho e aventurar-se pela cidade”, sugere o presidente, que sempre circulou “sem problemas maiores”. Por outro lado, “são precisas melhorias que facilitem o uso da bicicleta, como mais estacionamentos”, conclui.