Woody Allen volta a negar ter abusado da filha e atribui acusação a vingança da ex-mulher
Cineasta publica carta no New York Times, em resposta à que Dylan Farrow tinha escrito, e garante que está inocente sobre as acusações da década de 1990.
Numa carta escrita pelo cineasta e publicada no jornal norte-americano New York Times, Woddy Allen insiste que as acusações da filha, que diz ter sido abusada com sete anos, coincidem com a altura em que Mia Farrow descobriu que o actor se tinha envolvido com a sua filha adoptiva de uma anterior relação, Soon-Yi Previn, com quem ainda se mantém casado.
“Quando há 21 anos ouvi pela primeira vez que a Mia Farrow me tinha acusado de violação de menores, achei a ideia tão ridícula que não perdi um segundo com isso. Estivemos envolvidos numa separação terrível, com uma grande inimizade entre nós e uma batalha pela custódia que lentamente nos sugou a energia”, escreve Allen, que atribui a acusação a um “esquema de vingança” e “despeito” que coincidiu com o início da sua relação com Soon-Yi Previn e com um bom momento a nível de carreira.
Na carta, Allen garante ainda que Mia levou logo de seguida a filha a um médico para ser examinada e que a criança negou os abusos sexuais, tendo a mãe levado Dylan para comer um gelado, passeio após o qual a criança já corroborou a versão de Mia. Quando a investigação policial começou, o cineasta diz que se submeteu a um teste num detector de mentiras e que passou, acrescentando que pediu que Mia fizesse um e que esta recusou.
Allen conta, ainda, que Stacey Nelkin, com quem esteve envolvido há vários anos, veio agora também a público contar que “Mia lhe pediu para testemunhar em como era menor de idade quando estivemos juntos, apesar de isso ser mentira”. E lembrou, também, que as conclusões de uma perícia médica pedida pela polícia de Connecticut concluíram que “não era um abusador sexual” e que “as declarações de Dylan num vídeo não correspondem aos factos que ocorreram a 4 de Agosto de 1992”.
Para o actor tudo não passa de uma vingança por se ter envolvido com a filha adoptiva de Mia, merecendo a relação desconfiança por ter na altura vinte e poucos anos. Contudo, Allen diz que a prova de que os sentimentos são verdadeiros é que estão casados há 16 anos e têm dois filhos adoptivos.
“Explorada por uma mãe mais interessada na sua própria raiva”
Quanto a Dylan, o realizador diz esperar que um dia perceba “como foi explorada por uma mãe mais interessada na sua própria raiva do que no bem estar da filha”, insistindo que a “ama”. Allen remata dizendo que “ninguém quer desencorajar as vítimas de abuso de falarem”, mas reforça que é importante ter consciência de que há casos inventados com outros propósitos.
O realizador já tinha rejeitado, na segunda-feira as acusações de abusos sexuais proferidas pela filha adoptiva Dylan Farrow, classificando-as como “falsas e vergonhosas”.
“Woody Allen leu o artigo [de Dylan Farrow] e considera-o falso e vergonhoso”, disse o agente do cineasta, Leslee Dart, horas depois da publicação, no domingo, da carta aberta da filha adoptiva, de 28 anos, num blogue do jornal New York Times, como foi amplamente noticiado.
Na carta, Dylan Farrow acusa-o de agressões sexuais quando ela era criança. O agente do cineasta disse já dito que Allen iria responder “muito em breve” a estas acusações e de forma mais detalhada, recordando que nunca foram apresentadas provas neste caso, porque a investigação independente não encontrou nada. “Os peritos concluíram que não havia provas credíveis de agressão sexual, e que Dylan Farrow não conseguia distinguir entre fantasia e realidade, e provavelmente teria sido induzida a fazer as acusações pela mãe, Mia Farrow”, disse ainda o agente de Allen.
Woody Allen, de 78 anos, que deixou Mia Farrow após começar uma relação com a filha adoptiva da actriz, de outro casamento, Soon-Yi Previn, negou sempre ter agredido sexualmente Dylan Farrow, como nesta entrevista à revista Time, em 2001.
A carta de Farrow, conta em pormenores o alegado assédio do realizador, que supostamente teria ocorrido no início dos anos 1990. Quem também é referida na carta é a actriz Cate Blanchett, protagonista principal do último filme de Allen, Blue Jasmine, com Dylan Farrow a perguntar: "E se tivesse sido um filho teu, Cate Blanchett?"
A actriz, que no último fim-de-semana esteve no festival americano de Santa Barbara, afirmou à imprensa, citada pelo The Guardian, que "é obviamente uma situação longa e dolorosa para a família, e espero que encontrem alguma paz".
Há uma semana o realizador Robert Weide, autor de um documentário sobre Allen para a série American Masters, publicou um longo artigo na publicação digital Daily Beast, que se viria a tornar viral, apontando aquilo que, no seu entender, são as muitas contradições do caso.
Irmão de Dylan defende o realizador
Pouco depois também Moses Farrow, um dos filhos adoptivos de Mia Farrow, veio defender o realizador. Dylan Farrow escreveu uma carta aberta ao diário norte-americano The New York Times em que detalha o suposto abuso, reacendendo a controvérsia que tem marcado a família nos últimos 20 anos, desde que o casal se separou.
“A minha mãe convenceu-me a odiar o meu pai por ter desfeito a família e por ter abusado sexualmente da minha irmã”, disse Moses numa entrevista à revista americana de celebridades People. “E eu odiei-o durante anos. Por ela. Vejo agora que tudo isto não passava de uma maneira de a minha mãe se vingar do meu pai por ele se ter apaixonado pela Soon-Yi.”
Moses, 36 anos, distanciou-se de Mia Farrow e mantém uma relação de grande proximidade com o pai e Soon-Yi. É ele que diz, na mesma entrevista, que tem a certeza de que Woody Allen não abusou da filha Dylan, hoje com 28 anos: “Ela adorava-o e ansiava vê-lo sempre que nos visitava. Nunca se escondeu dele até que a nossa mãe conseguiu criar uma atmosfera de medo e ódio em relação a ele. No dia em questão [em que o alegado abuso ocorreu], estávamos seis ou sete [filhos] em casa. Estávamos todos em divisões acessíveis e nem o meu pai nem a minha irmã se afastaram para um espaço privado. Convenientemente, a minha mãe tinha saído para fazer compras”, descreve, acrescentando que não sabe se Dylan acredita mesmo que foi agredida pelo pai ou se está simplesmente a tentar agradar a mãe. “Agradar à minha mãe era uma motivação muito forte" porque, explica, estar entre os que contrariavam Mia Farrow era “terrível”.
Uma batalha com mais de 20 anos
Lembra a People que tanto Moses como Dylan foram adoptados por Farrow e Allen. Os dois irmãos e um terceiro – Ronan, hoje com 26 anos – estiveram no centro de uma batalha legal pela sua custódia em 1993, que envolveu testemunhos de ambas as partes sobre o caso do cineasta com a filha adoptiva da actriz, Soon-Yi Previn, com quem viria a casar quatro anos mais tarde. Foi Farrow quem acabou por ficar com a custódia das três crianças (a actriz tem 14 filhos que resultam dos seus casamentos, de adopções conjuntas ou a solo).
Woody Allen, 78 anos, nega há décadas que tenha abusado sexualmente de Dylan e acusa a actriz de ter manipulado a filha, algo que Mia Farrow, de 69, sempre negou.
Em resposta ao irmão, Dylan insiste que está a dizer a verdade e que a mãe nunca procurou criar-lhe falsas memórias em relação ao pai. “A minha mãe nunca me instruiu”, disse a filha adoptiva de Woody Allen à mesma revista. “As minhas memórias são minhas. Ela ficou triste quando lhe contei. Ficou com a esperança de que eu estivesse a inventar tudo aquilo.”
Mas Moses garante que a mãe também tentou manipulá-lo e que, apesar de procurar passar para a opinião pública uma imagem de “família feliz”, era por vezes muito difícil viver com as suas alterações de humor.
Dylan diz que, ao defender Woody Allen, o irmão está a trair toda a família: “Não posso ficar calada quando a minha família precisa de mim e não vou abandoná-los como fizeram a Soon-Yi e o Moses. O meu irmão morreu para mim.”
Mia Farrow, por seu lado, recusou-se a responder às acusações do filho, mas não deixou de publicar um tweet em que reiterava o seu apoio a Dylan: “Amo a minha filha. Hei-de protegê-la sempre. Muitas coisas horríveis vão ser ditas sobre mim, mas isto não é sobre mim, é sobre a verdade dela.”
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Numa carta escrita pelo cineasta e publicada no jornal norte-americano New York Times, Woddy Allen insiste que as acusações da filha, que diz ter sido abusada com sete anos, coincidem com a altura em que Mia Farrow descobriu que o actor se tinha envolvido com a sua filha adoptiva de uma anterior relação, Soon-Yi Previn, com quem ainda se mantém casado.
“Quando há 21 anos ouvi pela primeira vez que a Mia Farrow me tinha acusado de violação de menores, achei a ideia tão ridícula que não perdi um segundo com isso. Estivemos envolvidos numa separação terrível, com uma grande inimizade entre nós e uma batalha pela custódia que lentamente nos sugou a energia”, escreve Allen, que atribui a acusação a um “esquema de vingança” e “despeito” que coincidiu com o início da sua relação com Soon-Yi Previn e com um bom momento a nível de carreira.
Na carta, Allen garante ainda que Mia levou logo de seguida a filha a um médico para ser examinada e que a criança negou os abusos sexuais, tendo a mãe levado Dylan para comer um gelado, passeio após o qual a criança já corroborou a versão de Mia. Quando a investigação policial começou, o cineasta diz que se submeteu a um teste num detector de mentiras e que passou, acrescentando que pediu que Mia fizesse um e que esta recusou.
Allen conta, ainda, que Stacey Nelkin, com quem esteve envolvido há vários anos, veio agora também a público contar que “Mia lhe pediu para testemunhar em como era menor de idade quando estivemos juntos, apesar de isso ser mentira”. E lembrou, também, que as conclusões de uma perícia médica pedida pela polícia de Connecticut concluíram que “não era um abusador sexual” e que “as declarações de Dylan num vídeo não correspondem aos factos que ocorreram a 4 de Agosto de 1992”.
Para o actor tudo não passa de uma vingança por se ter envolvido com a filha adoptiva de Mia, merecendo a relação desconfiança por ter na altura vinte e poucos anos. Contudo, Allen diz que a prova de que os sentimentos são verdadeiros é que estão casados há 16 anos e têm dois filhos adoptivos.
“Explorada por uma mãe mais interessada na sua própria raiva”
Quanto a Dylan, o realizador diz esperar que um dia perceba “como foi explorada por uma mãe mais interessada na sua própria raiva do que no bem estar da filha”, insistindo que a “ama”. Allen remata dizendo que “ninguém quer desencorajar as vítimas de abuso de falarem”, mas reforça que é importante ter consciência de que há casos inventados com outros propósitos.
O realizador já tinha rejeitado, na segunda-feira as acusações de abusos sexuais proferidas pela filha adoptiva Dylan Farrow, classificando-as como “falsas e vergonhosas”.
“Woody Allen leu o artigo [de Dylan Farrow] e considera-o falso e vergonhoso”, disse o agente do cineasta, Leslee Dart, horas depois da publicação, no domingo, da carta aberta da filha adoptiva, de 28 anos, num blogue do jornal New York Times, como foi amplamente noticiado.
Na carta, Dylan Farrow acusa-o de agressões sexuais quando ela era criança. O agente do cineasta disse já dito que Allen iria responder “muito em breve” a estas acusações e de forma mais detalhada, recordando que nunca foram apresentadas provas neste caso, porque a investigação independente não encontrou nada. “Os peritos concluíram que não havia provas credíveis de agressão sexual, e que Dylan Farrow não conseguia distinguir entre fantasia e realidade, e provavelmente teria sido induzida a fazer as acusações pela mãe, Mia Farrow”, disse ainda o agente de Allen.
Woody Allen, de 78 anos, que deixou Mia Farrow após começar uma relação com a filha adoptiva da actriz, de outro casamento, Soon-Yi Previn, negou sempre ter agredido sexualmente Dylan Farrow, como nesta entrevista à revista Time, em 2001.
A carta de Farrow, conta em pormenores o alegado assédio do realizador, que supostamente teria ocorrido no início dos anos 1990. Quem também é referida na carta é a actriz Cate Blanchett, protagonista principal do último filme de Allen, Blue Jasmine, com Dylan Farrow a perguntar: "E se tivesse sido um filho teu, Cate Blanchett?"
A actriz, que no último fim-de-semana esteve no festival americano de Santa Barbara, afirmou à imprensa, citada pelo The Guardian, que "é obviamente uma situação longa e dolorosa para a família, e espero que encontrem alguma paz".
Há uma semana o realizador Robert Weide, autor de um documentário sobre Allen para a série American Masters, publicou um longo artigo na publicação digital Daily Beast, que se viria a tornar viral, apontando aquilo que, no seu entender, são as muitas contradições do caso.
Irmão de Dylan defende o realizador
Pouco depois também Moses Farrow, um dos filhos adoptivos de Mia Farrow, veio defender o realizador. Dylan Farrow escreveu uma carta aberta ao diário norte-americano The New York Times em que detalha o suposto abuso, reacendendo a controvérsia que tem marcado a família nos últimos 20 anos, desde que o casal se separou.
“A minha mãe convenceu-me a odiar o meu pai por ter desfeito a família e por ter abusado sexualmente da minha irmã”, disse Moses numa entrevista à revista americana de celebridades People. “E eu odiei-o durante anos. Por ela. Vejo agora que tudo isto não passava de uma maneira de a minha mãe se vingar do meu pai por ele se ter apaixonado pela Soon-Yi.”
Moses, 36 anos, distanciou-se de Mia Farrow e mantém uma relação de grande proximidade com o pai e Soon-Yi. É ele que diz, na mesma entrevista, que tem a certeza de que Woody Allen não abusou da filha Dylan, hoje com 28 anos: “Ela adorava-o e ansiava vê-lo sempre que nos visitava. Nunca se escondeu dele até que a nossa mãe conseguiu criar uma atmosfera de medo e ódio em relação a ele. No dia em questão [em que o alegado abuso ocorreu], estávamos seis ou sete [filhos] em casa. Estávamos todos em divisões acessíveis e nem o meu pai nem a minha irmã se afastaram para um espaço privado. Convenientemente, a minha mãe tinha saído para fazer compras”, descreve, acrescentando que não sabe se Dylan acredita mesmo que foi agredida pelo pai ou se está simplesmente a tentar agradar a mãe. “Agradar à minha mãe era uma motivação muito forte" porque, explica, estar entre os que contrariavam Mia Farrow era “terrível”.
Uma batalha com mais de 20 anos
Lembra a People que tanto Moses como Dylan foram adoptados por Farrow e Allen. Os dois irmãos e um terceiro – Ronan, hoje com 26 anos – estiveram no centro de uma batalha legal pela sua custódia em 1993, que envolveu testemunhos de ambas as partes sobre o caso do cineasta com a filha adoptiva da actriz, Soon-Yi Previn, com quem viria a casar quatro anos mais tarde. Foi Farrow quem acabou por ficar com a custódia das três crianças (a actriz tem 14 filhos que resultam dos seus casamentos, de adopções conjuntas ou a solo).
Woody Allen, 78 anos, nega há décadas que tenha abusado sexualmente de Dylan e acusa a actriz de ter manipulado a filha, algo que Mia Farrow, de 69, sempre negou.
Em resposta ao irmão, Dylan insiste que está a dizer a verdade e que a mãe nunca procurou criar-lhe falsas memórias em relação ao pai. “A minha mãe nunca me instruiu”, disse a filha adoptiva de Woody Allen à mesma revista. “As minhas memórias são minhas. Ela ficou triste quando lhe contei. Ficou com a esperança de que eu estivesse a inventar tudo aquilo.”
Mas Moses garante que a mãe também tentou manipulá-lo e que, apesar de procurar passar para a opinião pública uma imagem de “família feliz”, era por vezes muito difícil viver com as suas alterações de humor.
Dylan diz que, ao defender Woody Allen, o irmão está a trair toda a família: “Não posso ficar calada quando a minha família precisa de mim e não vou abandoná-los como fizeram a Soon-Yi e o Moses. O meu irmão morreu para mim.”
Mia Farrow, por seu lado, recusou-se a responder às acusações do filho, mas não deixou de publicar um tweet em que reiterava o seu apoio a Dylan: “Amo a minha filha. Hei-de protegê-la sempre. Muitas coisas horríveis vão ser ditas sobre mim, mas isto não é sobre mim, é sobre a verdade dela.”