A música algarvia está no novo documentário de Tiago Pereira
"Quem Manda Aqui Sou Eu" é Tiago Pereira a mostrar a música que o Algarve criou e cria e é exibido este fim-de-semana em Faro, Portimão e Castro Marim
No portal A Música Portuguesa A Gostar Dela Própria, encontramos um arquivo caleidoscópico daquilo que é, hoje, a paisagem musical do país. Sem organização por géneros, sem hierarquização, passamos do rock para as chulas, da chamarrita para o rap, do jazz para os travalínguas. O projecto, iniciado em 2011, teve como um dos fundadores o realizador Tiago Pereira, também autor da maioria dos vídeos ali disponibilizados.
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No portal A Música Portuguesa A Gostar Dela Própria, encontramos um arquivo caleidoscópico daquilo que é, hoje, a paisagem musical do país. Sem organização por géneros, sem hierarquização, passamos do rock para as chulas, da chamarrita para o rap, do jazz para os travalínguas. O projecto, iniciado em 2011, teve como um dos fundadores o realizador Tiago Pereira, também autor da maioria dos vídeos ali disponibilizados.
Agora, Tiago Pereira decidiu começar a dar ordem à música que recolheu de Norte a Sul do país (e mar dentro até à Madeira e Açores). "Quem Manda Aqui Sou Eu" é o novo filme do autor de "Tradição Oral Contemporânea ou Sinfonia Imaterial". “Agarrei nas recolhas que tenho e tentei criar histórias com elas”, explica Tiago Pereira. Região a região. Começando pelo Sul, pelo Algarve. O filme de cerca de 50 minutos será exibido esta sexta-feira na Tertúlia Algarvia, em Faro (22h30), sábado no Teatro Municipal de Portimão (21h30) e domingo no Auditório da Biblioteca Municipal de Castro Marim (15h).
"Quem Manda Aqui Sou Eu" mostra a música que o Algarve criou e cria. Ouvem-se rappers e acordeonistas, corridinhos e jazz que não é bem jazz. Ouve-se e vê-se mais que isso. Este é um filme de música e de palavra. “O Algarve é muito rico nos provérbios, nas rimas, nas adivinhas, nos travalínguas”, diz Tiago Pereira, “e o filme é muito centrado nessa parte da literatura popular e na forma como se liga à música”. Tem por isso mesmo como “personagem principal” José Ruivinho Brazão, da Associação de Pesquisa e Estudo da Oralidade, sedeada em Albufeira, homem com muito para estudar e muito para contar do que já estudou: haverá quase duas mil adivinhas, provérbios ou travalínguas partilhados pela população algarvia, das serras no interior ao litoral.
Com esta série de documentários, Tiago Pereira, que mantém actualmente na Antena 1 o programa "O Povo Que Ainda Canta" (referência óbvia ao programa de Michel Giacometti na RTP dos anos 1970, "Povo que Canta"), pretende, de certa forma, actualizar a cartografia musical do país. Afinal, a tradição não é estanque, faz parte de um processo em mutação contínua. Conclui-se o óbvio: “a tradição de há 40 anos não é a tradição de hoje”. E Tiago Pereira quer mostrá-la, agora, tal como é. Começou pelo documentário sobre o Algarve, autofinanciado. O próximo levar-nos-á ao extremo Norte de Portugal. Venha daí o povo que ainda canta em Trás-Os-Montes.