ONU confirma trégua e saída “iminente” de centenas de sírios da cidade de Homs
Ban Ki-moon critica os ataques aéreos com barris recheados de explosivos que nos últimos dias mataram mais de 250 pessoas em Alepo.
Em Homs, morre-se de fome, têm avisado a ONU, os Estados Unidos, diferentes organizações não governamentais e activistas sírios. A cidade que já foi chamada “capital da revolução” síria é uma das mais castigadas pelo regime, que conseguiu recuperar grande parte dos bairros à oposição mas nunca o centro histórico. Para além do cerco, os habitantes vivem quotidianamente as consequências dos bombardeamentos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Em Homs, morre-se de fome, têm avisado a ONU, os Estados Unidos, diferentes organizações não governamentais e activistas sírios. A cidade que já foi chamada “capital da revolução” síria é uma das mais castigadas pelo regime, que conseguiu recuperar grande parte dos bairros à oposição mas nunca o centro histórico. Para além do cerco, os habitantes vivem quotidianamente as consequências dos bombardeamentos.
Esta não é a primeira vez que um acordo para levar ajuda a estes civis é anunciado, sem que nada tenha acontecido. Diz a agência de notícias oficial SANA que o acordo alcançado entre o governador da região e o coordenador local da ONU, Yaacoub Helou, “garante a saída iminente de civis inocentes da Cidade Velha e a entrada de ajuda humanitária para os que escolham ficar”. A ONU espera poder avançar ainda esta sexta-feira
O envio de ajuda para Homs acabou por se tornar num dos grandes objectivos das primeiras negociações entre o regime de Bashar al-Assad e a oposição, reunidos em Genebra no fim de Janeiro. A conferência que inicialmente se esperava que servisse para discutir a formação de um governo de transição e a transferência de poderes acabou transformada numa conversas de surdos e nem foi possível finalizar o acordo para ir em auxílio da população de Homs.
“Muitas famílias querem partir”, disse à AFP Abu Ziad, membro da oposição armada, que falou à agência a partir de uma das zonas cercadas pelo regime.
A confirmar-se a entrada de ajuda e a saída dos civis, este seria o primeiro gesto humanitário de Damasco desde Genebra. O Governo anunciou esta sexta-feira que estará presente na segunda ronda de conversações, marcadas para dia 10 de Fevereiro na mesma cidade suíça.
Em Homs, mas não só, continua a morrer-se todos os dias na Síria, onde a violência já fez mais de 136 mil mortos. Tal como Homs, a grande cidade de Alepo, no Norte do país, tem sido alvo de ataques aéreos diários, incluindo muitos com barris de explosivos. Nos últimos cinco dias, 257 pessoas, incluindo 76 crianças, foram mortas nestes ataques.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, a ONG síria próxima da oposição que tenta contabilizar as vítimas desde o início do conflito sírio, estes barris carregados de TNT fizeram ainda centenas de feridos e levaram milhares de pessoas a fugir de Alepo entre sábado e quarta-feira.
Esta táctica tem “um efeito brutal, devastador sobre as zonas habitadas”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lembrando que “a utilização indiscriminada de qualquer arma contra civis viola as obrigações da Síria perante as leis humanitárias e de direitos humanos internacionais”.