Adesão de trabalhadores às acções da ES Saúde recuperou na recta final
Grupo de saúde conseguiu dispersar 49% do capital. Acções vão ser vendidas a 3,20 euros na estreia em bolsa na próxima semana.
A Rio Forte, holding do GES para os activos não-financeiros, mantém o controlo do grupo, com 51% do capital, através da Espírito Santo Healthcare Investments. Com esta operação, anunciada em meados de Janeiro com o objectivo de reforçar os capitais da empresa e garantir-lhe “flexibilidade para investimentos futuros”, os investidores institucionais ficam com 39,2% do capital, enquanto 9,27% dos títulos estão agora nas mãos de investidores de retalho e 0,53% dos trabalhadores.
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A Rio Forte, holding do GES para os activos não-financeiros, mantém o controlo do grupo, com 51% do capital, através da Espírito Santo Healthcare Investments. Com esta operação, anunciada em meados de Janeiro com o objectivo de reforçar os capitais da empresa e garantir-lhe “flexibilidade para investimentos futuros”, os investidores institucionais ficam com 39,2% do capital, enquanto 9,27% dos títulos estão agora nas mãos de investidores de retalho e 0,53% dos trabalhadores.
A procura superou a oferta, chegando a 104,9%. A adesão dos trabalhadores, que no início da semana era reduzida, acabou por chegar aos 100%, atingindo 502.160 acções (exactamente o mesmo número de títulos em oferta).
Já as ordens de compra do público, que já haviam superado a oferta, chegaram a 105,1%, atingindo 9,3 milhões de títulos, acima dos 8,8 milhões em oferta. Assim, no conjunto destes dois segmentos, a procura ascendeu a 9,8 milhões de acções, ultrapassando as 9,36 milhões de acções a alienar.
Quando, na próxima quarta-feira, o braço de saúde do Grupo Espírito Santo (GES) se estrear em bolsa, as acções vão ser vendidas a 3,20 euros, o preço mínimo estabelecido para a operação de dispersão de 49% do capital do grupo. O preço final da oferta ficou definido com a conclusão do período de subscrição dos títulos, confirmado nesta sexta-feira em sessão especial de bolsa.
A oferta decorreu de forma combinada. Enquanto uma parte foi realizada através da chamada Oferta Pública de Distribuição (OPD) e dirigida aos trabalhadores do grupo liderado por Isabel Vaz e ao público em geral, a outra envolveu os investidores institucionais, que, embora estejam em minoria, concentram nas suas mãos a maior fatia do capital em causa (37,5 milhões de acções).
Dos 2800 investidores que aderiram à operação, apenas 60 são investidores institucionais. Os restantes 2740 são investidores de retalho ou funcionários que compraram acções e que, embora em pequena escala, ficaram accionistas do grupo onde trabalham. No início da semana, os trabalhadores haviam subscrito apenas das acções que lhes poderiam ser atribuídas, mas a adesão acabou por melhorar, chegando ao objectivo pretendido pela empresa.
Ao todo, o encaixe associado à operação é de 149,8 milhões de euros: enquanto 29,9 milhões de euros foram conseguidos através da OPD (retalho e trabalhadores), a maior fatia veio da oferta institucional, cerca de 119,8 milhões de euros.
Se, no primeiro caso, 99% dos investidores são residentes, na oferta institucional, só 15,9% das ordens de compra partiram de Portugal, registando-se um interesse significativo de investidores do Reino Unido (mais de metade) e ainda dos EUA e de Espanha.
À margem da apresentação dos resultados, Isabel Vaz atribuiu a resistência dos investidores ao facto de a empresa ter sido a primeira do sector em Portugal a entrar na praça lisboeta. “A Espírito Santo Saúde foi pioneira, é a primeira empresa de prestação de cuidados de saúde a ir para a bolsa nacional e mesmo a nível europeu não há muitas. É natural que haja mais resistência”, afirmou, citada pela Lusa.
A Espírito Santo Saúde, a operar desde 2000, tem uma rede de 18 unidades. Controla o Hospital da Luz, em Lisboa, gere o Hospital Beatriz Ângelo (Loures) em regime de parceria público-privada, tendo ainda sete hospitais privados, sete clínicas a operar em regime de ambulatório e duas “residências sénior”.
Depois de a EDP Renováveis avançar para a dispersão de capital, em 2008, a praça lisboeta esteve durante cinco anos sem que alguma empresa concretizasse uma oferta pública inicial, mas num curto espaço de tempo interrompeu o jejum com duas operações. A primeira aconteceu em Dezembro, com os CTT, seguindo-se agora o caso da ES Saúde.