A importância de existir uma visão

Seja numa empresa, no râguebi português, em qualquer clube ou numa equipa, a existência de uma visão é essencial para se definirem e atingirem os objectivos

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“Good (…) leaders create a vision, articulate the vision, passionately own the vision, and relentlessly drive it to completion.” Jack Welsh, Ex-presidente executivo da General Electric (1981-2001)

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“Good (…) leaders create a vision, articulate the vision, passionately own the vision, and relentlessly drive it to completion.” Jack Welsh, Ex-presidente executivo da General Electric (1981-2001)

Setembro de 1997: Clive Woodward assume o comando da selecção nacional Inglesa, depois de ter criado e dirigido a sua própria (e bem sucedida) empresa no sector financeiro durante mais de 15 anos. É o primeiro treinador a “full time” da “selecção da rosa”.

Naquela altura (como agora), a Rugby Football Union, era a maior e mais rica federação do râguebi mundial. Inglaterra era o país com mais jogadores e clubes da modalidade. No entanto, um segundo lugar era a melhor classificação que tinha para apresentar na curta história dos Campeonatos do Mundo.

O que faltava, então, para que a Inglaterra conseguisse traduzir em resultados desportivos todo esse poderio económico? O que faltava para conseguir ganhar um Mundial?

Começava por faltar uma visão!

Uma visão que inspirasse a maior e mais rica federação do mundo a adaptar-se melhor e mais rapidamente à nova realidade do râguebi profissional. Uma visão que inspirasse os jogadores a romper com a tradição e a jogarem um jogo de alto-risco, que fosse o “mais rápido do mundo”. Uma visão que inspirasse toda uma equipa de trabalho, jogadores e “staff”, a um trabalho diário e sem tréguas em busca da perfeição.

A visão que Clive Woodward estabeleceu era simples. Mas, ao mesmo tempo, de uma ambição extraordinária: “Transformar o râguebi inglês [selecção] em líderes mundiais”, ou seja, na melhor selecção do mundo.

Tal, veio a acontecer, primeiro, em Dezembro de 2002, quando a Inglaterra assumiu, pela primeira vez na sua história a liderança do ranking mundial. Mas, principalmente, esta visão atingiu a sua plenitude no dia 22 de Novembro de 2003, depois do famoso “drop” de Jonny Wilkinson que deu à Inglaterra o seu primeiro (e único) título mundial de râguebi.

Como este exemplo há outros, bem conhecidos de cada um de nós. Desde Steve Jobs, que dia a dia, desafiava os trabalhadores da Apple a “mudar o mundo” através de criações “verdadeiramente maravilhosas”, passando por Jeff Bezos, que começou a construir, em 1995, “um lugar onde as pessoas podem procurar e descobrir qualquer coisa que desejem comprar online” e que hoje é o CEO da maior loja online do mundo – a Amazon.

No desporto, os exemplos são, também, mais do que muitos mas toca-nos especialmente a selecção nacional de râguebi de 2004-2007. Esse grupo de jogadores, treinados por Tomaz Morais, e liderados pelo trio Luís Pissarra, Vasco Uva e Joaquim Ferreira, sonhou e trabalhou arduamente para ser “a melhor equipa amadora do mundo” e, ao competir contra profissionais, pôs um país inteiro a perseguir esse desígnio e a festejar com os resultados nunca antes alcançados.

Dizem os especialistas que a “visão de uma organização identifica o que essa mesma organização quer alcançar ou atingir no futuro”. Dizem ainda que “uma boa visão, proporciona inspiração para as operações diárias, e molda as decisões estratégicas” dessa mesma organização.

Seja numa empresa, no râguebi português, em qualquer clube ou numa equipa, a existência de uma visão é essencial para se definirem e atingirem os objectivos. A inspiração que esta proporciona é fundamental para que todos os elementos se sintam motivados e experimentem um elevado sentimento de pertença a um projecto, o que leva a mais e melhor trabalho em prol desse mesmo projecto.

A sua divulgação massiva, permite que todos a conheçam, percebam e sintam que vale a pena lutar por aquilo que representa. A existência de uma visão não conduz, por si só, ao sucesso. Longe disso. Mas, estratégia e trabalho sem a visão do que deve ser o futuro, tornam a viagem confusa e condenada ao insucesso!

Nota: Não posso deixar de partilhar a fotografia que ilustra esta crónica. Foi tirada no balneário do Stade de France, depois do França-Inglaterra de sábado, a contar para o Torneio das Seis Nações. Lado a lado, após uma intensa, mas leal, batalha, decidida apenas nos últimos minutos, os jogadores de dois grandes rivais, conversam. Citando o Martim Bettencourt: “É assim no râguebi e é assim que devia ser fora dele!”