Neonazis gregos formam novo partido para contornar ilegalização
Implicação dos seus membros em vários processos judiciais pode impedir o Aurora Dourada de se apresentar às próximas eleições.
O Aurora Dourada corre o risco de não poder apresentar listas para as eleições locais e europeias em Maio, devido à implicação de vários dos seus membros em actividades ilícitas. O próprio líder do partido de extrema-direita, Nikos Michaloliakos, encontra-se detido na prisão de alta segurança de Korydallos, em Atenas, acusado por organização de grupo criminoso, assassínio, ataques violentos e outros crimes.
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O Aurora Dourada corre o risco de não poder apresentar listas para as eleições locais e europeias em Maio, devido à implicação de vários dos seus membros em actividades ilícitas. O próprio líder do partido de extrema-direita, Nikos Michaloliakos, encontra-se detido na prisão de alta segurança de Korydallos, em Atenas, acusado por organização de grupo criminoso, assassínio, ataques violentos e outros crimes.
Outros dirigentes foram também acusados por associação criminosa, homicídio, ataques violentos e lavagem de dinheiro. Durante a investigação que está a ser conduzida pelo Ministério Público grego, vários deputados do Aurora Dourada perderam a imunidade parlamentar e o partido ficou sem acesso ao financiamento estatal.
Com a perspectiva de poder não concorrer às próximas eleições, Kasidiaris prometeu que “os patriotas vão ter um partido para votar nas próximas eleições”. “Os nacionalistas gregos que não se envolveram em organizações criminosas, que não têm cadastro criminal, fundaram um novo partido patriótico, o Aurora Nacional”, anunciou este sábado o dirigente, ele próprio acusado de crimes, apesar de se apresentar como candidato à Câmara de Atenas.
A escutar Kasidiaris estava uma multidão de três mil apoiantes do partido, segundo a AFP, reunidos para comemorar um confronto entre a Grécia e a Turquia, em 1996, que esteve perto de dar origem a uma guerra. Os dois países disputavam duas ilhas desabitadas no mar Egeu e o conflito provocou a morte a três oficiais gregos.
No ano passado, o mesmo evento reuniu 50 mil pessoas, de acordo com o partido.
A polícia foi chamada a intervir para separar algumas escaramuças entre membros do Aurora Dourada e militantes da extrema-esquerda, que também convocaram uma concentração para a Praça Sintagma.
Algumas pessoas ainda incendiaram caixotes do lixo e um terminal de multibanco, segundo o Wall Street Journal, mas os confrontos terminaram sem relato de feridos.
As últimas sondagens, do jornal Efimerida ton Syntakton, dão o terceiro lugar ao Aurora Dourada, com cerca de 10% das intenções de voto. O partido neonazi aparece atrás do partido da esquerda radical Syriza, com 31,5%, e dos conservadores do Nova Democracia, com 28%.
O Aurora Dourada foi catapultado pela crise para uma votação de 7% nas legislativas de 2012, conseguindo 18 deputados. O partido tinha sido até então praticamente irrelevante: em 2009, nem 1% dos votos tinha conseguido. É conhecido pela forte retórica anti-imigração e organizações de defesa de direitos humanos dizem que, com a sua maior importância eleitoral, aumentaram também os ataques físicos aos imigrantes.