Bruxelas e Washington lutam com Moscovo pela Ucrânia

Em Munique, Estados Unidos e União Europeia mostram apoio à oposição ucraniana e a Rússia critica a "imposição de uma escolha" ao país.

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John Kerry, à esquerda, e Sergei Lavrov, à direita. Ucrânia divide EUA e Rússia. Brendan Smialowski/Reuters

Não foi novidade o debate em torno dos conflitos entre a oposição e o poder na Ucrânia, que colocou de um lado os Estados Unidos e a União Eurpeia e do outro a Rússia. O apoio do Ocidente à oposição ucraniana já era conhecido e o anúncio do agendamento de encontros entre Kerry e os líderes da contestação prova isso mesmo.

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Não foi novidade o debate em torno dos conflitos entre a oposição e o poder na Ucrânia, que colocou de um lado os Estados Unidos e a União Eurpeia e do outro a Rússia. O apoio do Ocidente à oposição ucraniana já era conhecido e o anúncio do agendamento de encontros entre Kerry e os líderes da contestação prova isso mesmo.

John Kerry chamou a atenção para "uma tendência estranha em demasiadas partes da Europa Central e de Leste e nos Balcãs". "As aspirações dos cidadãos estão, uma vez mais, a ser pisadas por interesses corruptos, oligarcas, interesses que utilizam o dinheiro para sufocar a oposição política e as dissensões, para comprar políticos e grupos de comunicação social e para enfraquecer o sistema judicial", criticou o responsável norte-americano.

No centro deste problema, frisou Kerry, está a Ucrânia: "Em nenhum outro local a luta por um futuro democrático e europeu é mais importante do que na Ucrânia. Os Estados Unidos e a União Europeia estão ao lado do povo ucraniano nessa luta."

Antes, o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, afirmara que "o futuro da Ucrânia está com a União Europeia" e garantira que "a oferta ainda está lá". A "oferta" a que Rompuy se referiu é o acordo de associação entre a Ucrânia e a União Europeia que foi rejeitado pelo Presidente ucraniano, Viktor Ianukovich, em Novembro, e que deu origem aos protestos que dominam o país.

O secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, mostrou preocupação pelo envio recente de unidades aéreas e de mísseis para a Bielorrússia e para Kalininegrado por Moscovo, que disse terem o objectivo de criar uma linha de ataque em torno da Ucrânia. "Fico preocupado quando ouço falar do envio de sistemas armados ofensivos; não defensivos, mas ofensivos", sublinhou Rasmussen.

Já a Rússia prefere condenar a violência da parte dos manifestantes e criticar a pressão de Washington e de Bruxelas sobre o Governo ucraniano. "O que é que o incitamento aos protestos de rua violentos tem que ver com a promoção da democracia?", questionou Sergei Lavrov. O ministro dos Negócios Estrangeiros russo afirmou que "está a ser imposta uma escolha [à Ucrânia]" e garantiu que "a Rússia não vai fazer parte disso".

Troca de acusações na Ucrânia

À margem da conferência, um dos líderes da oposição ucraniana, Arseni Iatseniuk, alertou que "é muito provável" que o exército seja chamado a intervir na situação do país. Iatseniuk manifestou esta preocupação durante um encontro com responsáveis europeus, de acordo com um comunicado do seu partido, o Batkivchtchina (Pátria).

Na sexta-feira, a cúpula militar ucraniana apelou directamente a Ianukovich para que tome "medidas de urgência" para pôr fim à situação actual, que julgam poder vir a "ameaçar a integridade territorial" do país.

Por seu turno, o ministro do Interior ucraniano acusou os activistas da oposição de terem capturado e torturado um polícia, de acordo com um comunicado citado pela AFP. O agente terá sido torturado perante um militante do partido de extrema-direita Svoboda (Liberdade).

O partido reagiu, definindo a acusação do ministério como "uma nova escalada de propaganda". "Em vez de investigar as pessoas, a polícia começa a inventar histórias de polícias raptados na Maidan [Praça da Independência]", afirmou o deputado Iuri Sirotiuk.

Na sexta-feira, o activista Dmitro Bulatov, que desaparecera há uma semana, surgiu na televisão com marcas de ter sido vítima de tortura.