Nova queda da inflação aumenta pressão sobre o BCE

Inflação na zona euro voltou para os 0,7% em Janeiro.

Foto
O BCE, liderado por Mario Draghi, comprou 462 milhões de euros de dívida pública na última semana de 2011 Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters

De acordo com a estimativa rápida publicada pelo gabinete de estatísticas da União Europeia, a inflação homóloga na zona euro durante o mês que agora termina foi de 0,7%, uma diminuição face aos 0,8% que se tinham registado em Dezembro.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

De acordo com a estimativa rápida publicada pelo gabinete de estatísticas da União Europeia, a inflação homóloga na zona euro durante o mês que agora termina foi de 0,7%, uma diminuição face aos 0,8% que se tinham registado em Dezembro.

O resultado fica abaixo do previsto. Um grupo de analistas consultados pela agência Bloomberg antes da divulgação dos dados, apostava em média para uma subida da inflação na zona euro para 0,9%.

A taxa de inflação na zona euro regressa assim ao mesmo valor registado em Novembro e que, na altura, levou o Banco Central Europeu (BCE) a baixar as suas taxas de juro para 0,25%. Agora, com mais uma reunião agendada, os dados da inflação constituem um novo argumento para que a autoridade monetária possa intensificar o seu esforço de estímulo à actividade económica e de combate ao risco de deflação.

Mario Draghi tem, nas conferências de imprensa que realiza após as reuniões do conselho de governadores, dado a indicação de que a taxa de inflação na zona euro irá manter-se a um nível baixo durante um longo período de tempo e que, por isso, também não deverá ser feita qualquer subida de taxas de juro brevemente.

A dúvida é antes a de saber se o BCE poderá decidir baixar mais as taxas de juro ou lançar medidas extraordinárias de injecção de liquidez. Ao nível das taxas de juro, uma descida da taxa a que o BCE empresta dinheiro aos bancos, actualmente em 0,25%, teria de ser para zero ou para um valor próximo. Outra hipótese seria a colocação da taxa de juro a que os bancos depositam dinheiro no BCE a um nível negativo. Esta taxa está actualmente a zero e uma taxa negativa nunca foi testada, mas poderia constituir um incentivo aos bancos para emprestarem mais dinheiro às famílias e empresas em vez de terem o dinheiro “parado” no BCE.

Com pouco espaço de manobra para mexer nas taxas de juro, outra hipótese para o BCE é a de lançar novas rondas de empréstimos a longo prazo para os bancos ou mesmo iniciar uma medida de “alívio quantitativo” semelhante à praticada pela Reserva federal norte-americana e que na prática consiste em “imprimir dinheiro” que é colocado na economia através da compra pelo BCE de activos como obrigações dos sectores públicos ou das empresas.

A decisão do BCE mostrará até que ponto é que o BCE está mesmo preocupado com a possibilidade de uma entrada em situação de deflação. "Nesta fase, não acredito que a zona euro tenha entrado numa tendência de deflação, mas os riscos estão a subir", afirma Azad Zangana, analista do banco de investimento Schroders, numa nota enviada às redacções. "Os números baixos da inflação podem levar o BCE a acrescentar mais estímulos no curto prazo. No entanto, o BCE já gastou a grande maioria dos instrumentos ao seu dispor, ou, pelo menos, os instrumentos que a Alemanha está disponível para tolerar", defende.