Frederico Sousa: “Andamos sempre no ‘tapa aqui e puxa ali’”

Para o seleccionador nacional, o jogo deste sábado na Roménia vai ditar o que Portugal pode fazer no resto do torneio de apuramento para o Mundial 2015

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Portugal inicia neste sábado a segunda volta da fase de apuramento para o Mundial 2015, mas Frederico Sousa voltou a deparar-se com muitos problemas na preparação do importante jogo na Roménia.

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Portugal inicia neste sábado a segunda volta da fase de apuramento para o Mundial 2015, mas Frederico Sousa voltou a deparar-se com muitos problemas na preparação do importante jogo na Roménia.

O seleccionador nacional afirma que alguns “problemas crónicos do râguebi português” continuam por resolver e lamenta que em alguns dos treinos de preparação tenha contado com “vinte e poucos” jogadores.

A equipa está preparada para o jogo na Roménia?

A equipa ainda está em bruto. Há jogadores que estão na equipa pela primeira vez, outros estão com alguns toques e outros não estão disponíveis por lesão ou por outro tipo de questões. Andamos sempre no “tapa aqui e puxa ali” e não conseguimos criar uma base e rotinas em algumas duplas. Estamos sempre a começar de novo, o que não torna as coisas fáceis.

A ausência do Julien Bardy torna tudo ainda mais complicado…

Sim, é uma baixa muito importante. Não é um jogador qualquer. Mesmo no Top 14, na posição dele, é um dos melhores. Para além disso é um motor motivacional para os outros. Mas temos que superar a ausência dele. Ele estava com vontade e disponibilidade em dar o seu contributo, mas a recuperação dele atrasou.

A Roménia é uma equipa muito física, como é que Portugal vai responder ao habitual jogo fechado dos romenos?

Eles têm vindo a mudar um bocadinho. Têm aproveitado a Amlin Cup, onde a maioria dos seus jogadores tem jogado, para ganhar bastantes rotinas e alguma coesão. Continuam a assentar o seu jogo nas suas características - “maul” e do jogo directo -, mas também gostam de procurar os espaços.

 Tradicionalmente Portugal sente muitas dificuldades nas formações-ordenadas. Com a chamada de jogadores como o Tony Martins, o Francisco Fernandes e o Tadjer Barbosa essas dificuldades serão atenuadas?

Esperemos que sim. Vamos continuar a desenvolver os nossos jogadores, mas estamos um bocado expostos nessas áreas. Alguns jogadores ainda não estão preparados para os desafios que temos pela frente, mas ainda são jovens.

A participação na Amlin Cup é importante para a evolução desses jogadores…

Se todos os anos conseguíssemos entrar na Amlin Cup, recrutar mais jogadores em Portugal e fazer outro tipo de processos e desenvolvimento, que há muitos anos estão por fazer, penso que conseguiríamos melhorar o nosso râguebi a nível interno. Continuamos com uma base de captação muito limitada e há muitos miúdos que continuam a abandonar o râguebi…

Para este jogo fez uma convocatória de 36 jogadores. Estiveram todos presentes nos treinos de preparação?

Houve treinos em que se estiveram vinte e poucos… Esta época tem sido assim. Fazemos listas mais alargadas, mas não tem sido nada fácil nos treinos montar um conjunto e criar uma equipa. Há várias baixas por motivos profissionais e pessoais…

A posição de médio-abertura é um problema que continua por resolver. Terá que fazer nova adaptação…

Sim, vamos jogar com o Diogo [Miranda]. Ele nos sevens jogava a “10”, tem qualidade e alguma experiência. Penso que vai conseguir desempenhar o papel dele. Não está com ritmo e rotinas, porque não tem jogado no seu clube e na selecção, mas é como é… É como o formação ou a terceira-linha. Neste momento não temos terceiras-linhas de envergadura, que levem o jogo para a frente, mas são problemas crónicos do râguebi português. Há anos que se fala sempre nas mesmas coisas, mas pouco se tem feito…

No meio desses problemas todos, é legítimo acreditar que ainda é possível ultrapassar a Rússia e chegar ao terceiro lugar?

Este jogo com a Roménia vai ditar o que se pode fazer no resto do torneio. Se conseguirmos uma vitória, podemos ter objectivos ambiciosos, mas o que vem a seguir não é nada fácil.