BE quer recepções "lúdicas" aos caloiros em vez de praxes
Restantes bancadas cautelosas sobre medidas a tomar para evitar abusos e violência.
O debate das praxes foi trazido pelo BE ao plenário, onde apresentou uma recomendação que pretende obrigar as instituições do ensino superior a realizar recepções aos novos alunos com carácter lúdico e a assumir uma atitude que não legitime as praxes violentas no interior ou exterior das universidades.
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O debate das praxes foi trazido pelo BE ao plenário, onde apresentou uma recomendação que pretende obrigar as instituições do ensino superior a realizar recepções aos novos alunos com carácter lúdico e a assumir uma atitude que não legitime as praxes violentas no interior ou exterior das universidades.
Na bancada do PS, o deputado Pedro Delgado Alves concordou que é preciso fazer uma “reflexão” e que “é preciso reforçar a capacidade das instituições” para combater os abusos nas praxes. Mas estabeleceu uma fronteira de actuação do poder político: As praxes inócuas são “parvas e estúpidas” e quanto a isso “não deve cuidar o legislador”.
Mais cautelosa ainda foi a deputada do PCP, Rita Rato, que defendeu a “prevenção e o acompanhamento” como forma de combater o “abuso e a violência” nas praxes.
Em contraste com o que defende o BE, o deputado do PSD Duarte Marques traçou uma fronteira entre “boas praxes” que “não devem ser misturadas com o abuso e humilhação”. “A praxe não é chacota nem humilhação, isso é estupidez e parvoíce”, afirmou. Na resposta, o deputado do BE Luís Fazenda criticou a “serenidade” das bancadas da maioria que em 2011 chumbaram um projecto do BE anti-praxe. “A serenidade da direita foi não fazer coisa alguma. Mas agora com esta comoção quer fazer alguma coisa mas de tal sorte que não mude muito mas que pareça”, acusou o deputado bloquista.
A fronteira da autonomia das universidades foi também traçada pelo CDS para concluir que o poder legislativo aí não se pode intrometer. Hélder Amaral mostrou disponibilidade do partido “para fazer tudo o que for possível para que em Portugal não haja praxes estúpidas, perigosas ou que configurem ilícitos criminais”. Mas, acrescentou o deputado, “é deixar à justiça o que é da justiça”.Uma referência indirecta (não existiu nenhuma directa durante o debate) ao caso dos seis jovens que morreram em Dezembro no Meco, em circunstâncias que se suspeitam estarem ligadas a praxes.