Cinco grifos e dois abutres-pretos libertados no Alentejo

Aves foram previamente marcadas e vão contribuir para aumentar o conhecimento sobre as rotas migratórias e a respectiva taxa de mortalidade por envenenamento.

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As aves foram resgatadas em Montemor-o-Novo, Sines, Santiago do Cacém, Odemira e Grândola. Nos últimos três meses estiveram “internadas” no Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Santo André, um dos três centros geridos pela Quercus. Uma delas, um abutre-preto, chegou lá graças aos pescadores. “Estava caído no mar a cinco quilómetros de Porto Covo quando foi avistado por pescadores, que conseguiram resgatá-lo”, conta Catarina Machado, do CEAI. O mestre da embarcação vai assistir à libertação, às 11h.

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As aves foram resgatadas em Montemor-o-Novo, Sines, Santiago do Cacém, Odemira e Grândola. Nos últimos três meses estiveram “internadas” no Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Santo André, um dos três centros geridos pela Quercus. Uma delas, um abutre-preto, chegou lá graças aos pescadores. “Estava caído no mar a cinco quilómetros de Porto Covo quando foi avistado por pescadores, que conseguiram resgatá-lo”, conta Catarina Machado, do CEAI. O mestre da embarcação vai assistir à libertação, às 11h.

Estas sete aves vão juntar-se às 47 já identificadas e libertadas pelo CEAI no âmbito do projecto LIFE – Inovação contra Envenenamentos, no espaço de um ano. Entre elas está um grifo-de-ruppell (Gyps rueppellii), o único identificado em Portugal. Esta ave mais habitual no Norte de África “caiu cansada num telhado em Moura e foi recolhida pela GNR”, diz a técnica.

Todas as aves foram marcadas com uma placa alar (espécie de brinco), com dígitos identificativos. Quem avistar as aves, em Portugal ou no estrangeiro – mortas ou vivas –, pode inserir os pormenores do avistamento numa base de dados internacional. Através do registo da informação contida nas placas – número e cor – é possível monitorizar a migração das aves. “Num ano recebemos 60 registos de avistamento”, alguns em Espanha e França, diz Catarina Machado. No pior cenário, que é a morte, será possível detectar eventuais casos de envenenamento e procurar culpados.

Risco para espécies em extinção
O uso ilegal de iscos envenenados é a principal causa de morte não natural para várias espécies necrófagas em risco de extinção na Europa, como a águia-imperial ibérica (Aquila adalberti). Mas pode afectar animais domésticos e de pastoreio, que acidentalmente se alimentem da carcaça envenenada.

Na página de Internet do Programa Antídoto-Portugal, uma plataforma contra o uso ilegal de venenos criada por entidades públicas e privadas em Março de 2004, lê-se que o caso de envenenamento “mais impressionante de que há registo em Portugal” ocorreu em Idanha-a-Nova, a 8 de Novembro de 2003. Foi colocado veneno em cadáveres de ovelhas para atrair cães vadios que atacavam rebanhos na região. Mas a carne foi ingerida por aves necrófagas, resultando na morte de 33 grifos, três abutres-pretos e três milhafres-reais. O processo seguiu a via judicial.

Uma das medidas do projecto LIFE – Inovação contra envenenamentos, co-financiado pela União Europeia, é a “marcação e monitorização de espécies bioindicadoras do uso de venenos”, por serem necrófagas. O projecto está em curso em oito áreas-piloto distribuídas por Espanha, Grécia e Portugal, onde há duas: uma na Zona de Protecção Especial (ZPE) Moura-Mourão-Barrancos, dinamizada pelo CEAI, e outra na ZPE para Aves do Tejo Internacional, Erges e Ponsul, dinamizada pela Quercus. Nesta última foram libertadas 106 aves.

Os grifos e abutres-negros que voltam à natureza na quinta-feira vão ser libertados na Estação Biológica do Garducho, em Granjão, Mourão, numa zona habitualmente frequentada por estas espécies e próxima de uma colónia existente do outro lado da fronteira. Mas nada garante que fiquem por ali. Catarina Machado lembra que estes animais "podem voar 500 quilómetros num dia”. Por isso, afirma, é mínimo o risco de a base de dados ser usada, por exemplo, por caçadores que pretendam localizar as aves.