Os palestinianos são os enteados do próprio Médio Oriente
Os refugiados palestinianos vivem há 65 anos à espera de regressar a casa, apesar de saberem que esse regresso é utópico
Com a fundação do estado de Israel, em 1948, cerca de 800 mil palestinianos tornaram-se refugiados. A Guerra dos Seis Dias em 1967 viu emergir uma segunda onda - cerca de 300 mil - havendo, neste momento, mundialmente cerca de 6 milhões de refugiados palestinianos. Cerca de 5 milhões, vivem em campos de refugiados no Médio Oriente, criados pela UNRWA - sub-organização da UN fundada para tratar esta situação. A qual, desde então, varia.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Com a fundação do estado de Israel, em 1948, cerca de 800 mil palestinianos tornaram-se refugiados. A Guerra dos Seis Dias em 1967 viu emergir uma segunda onda - cerca de 300 mil - havendo, neste momento, mundialmente cerca de 6 milhões de refugiados palestinianos. Cerca de 5 milhões, vivem em campos de refugiados no Médio Oriente, criados pela UNRWA - sub-organização da UN fundada para tratar esta situação. A qual, desde então, varia.
Dependendo do país de acolhimento, os refugiados palestinianos têm menos ou nenhuns privilégios. À excepção da Jordânia, nenhum dos países em questão lhes deu cidadania, fazendo com que a grande maioria não tenham papéis de identificação, não façam parte parte de qualquer sistema nacional, e por conseguinte não tenham direitos humanos básicos. Vivem assim, sem autorização para exercer qualquer ofício e confinados aos campos, ou ghettos, se preferirmos.
Os refugiados palestinianos vivem há 65 anos à espera de regressar a casa, apesar de saberem que esse regresso é utópico. Quis a história que esses países, uns após os outros, sofressem variadas fases de agitação. É assim o caso do Líbano, do Iraque, do Egipto, da Síria e consequentemente do Líbano – mais uma vez. Em todos os casos, os refugiados palestinianos sofrem “por tabela”. Não só são vítimas de conflictos e guerras como são envolvidos em questões alheias. Assim foi o caso da Guerra Civil Libanesa – 1975 a 1990 – com o massacre nos campos de Sabra e Shatila.
O problema de Yarmouk
O mesmo aconteceu com os refugiados no Iraque, onde desde a queda de Saddam Hussein têm sido perseguidos e assassinados. Situação semelhante se passa no Egipto desde a queda de Morsi. Neste momento extremamente preocupante, é a situação dos refugiados palestinianos na Síria, especialmente no campo de Yarmouk.
Desde o início da revolução que estes se têm tentado manter neutrais e fora do conflicto. Em Dezembro de 2012, porém, membros da FSA entraram em Yarmouk pela primeira vez provocando assim o bombardeamento do campo e do meio milhão de habitantes, por parte do exército sírio. Desde aí, a situação dos palestinianos tem vindo a deteriorar, atingindo um ponto alarmante aquando do bloqueio e encerramento do campo em Julho de 2013. Desde então que Yarmouk está selado, não havendo qualquer tipo de fornecimento de mantimentos ou medicamentos. Não há electricidade. De três em três dias há água potável por cerca de quatro horas.
Nos últimos dias faleceram 59 civis à fome. Mulheres não resistem aos partos. Uma população de, neste momento, 20 mil pessoas que se alimenta de gatos e cães, de erva e de especiarias diluídas em água. Esfomeados e desesperados, presos num conflicto alheio, na hora errada no local errado. Uma vez mais. Os palestinianos não são só os enteados do ocidente. Os palestinianos são os enteados do próprio Médio Oriente. Da Nação Árabe. Qual Pan-Arabismo, qual quê! Usados e abusados por todos. Por falta de humanidade.