Ferro Rodrigues espera uma grande vitória do PS nas europeias

O antigo líder do PS, Ferro Rodrigues, acusou o Governo, Cavaco Silva e Durão Barroso de terem um discurso convergente, com a intenção de deixar tudo na mesma na Europa

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Ferro Rodrigues quer plataforma alargada que defenda a reestruturação da dívida pública Enric Vives-Rubio

Em entrevista à Antena 1, Ferro Rodrigues, actual vice presidente da Assembleia da República, afirmou que as eleições de 25 de Maio são muito importantes porque "podem desencadear um processo”, que poderá criar condições políticas para antecipar as legislativas, no caso de se registar, tal como espera, uma grande vitória do PS e uma derrota profundíssima da Direita.

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Em entrevista à Antena 1, Ferro Rodrigues, actual vice presidente da Assembleia da República, afirmou que as eleições de 25 de Maio são muito importantes porque "podem desencadear um processo”, que poderá criar condições políticas para antecipar as legislativas, no caso de se registar, tal como espera, uma grande vitória do PS e uma derrota profundíssima da Direita.

Mas para que haja eleições, disse, é preciso que o Presidente da República  aja. Ferro relembrou que o próprio Cavaco Silva já colocou o cenário de eleições antecipadas na crise de Julho, e explica que até ao 17 de Maio (data em que termina o programa de ajustamento financeiro) e até às eleições europeias (25 de Maio), vão ser tomadas decisões do Tribunal Constitucional sobre o Orçamento de Estado e sobre o orçamento rectificativo. Nessa altura, as pessoas estarão a sentir na pele os cortes nos salários e nas pensões, prevê.

O ex-dirigente do PS acusou o Governo, Cavaco Silva e Durão e Barroso de estarem a fazer uma campanha com vista às eleições europeias, para no fundo deixar a Europa na mesma.No entender de Ferro, existe uma "enorme convergência” de discursos por causa das eleições europeias "com o diagnóstico de uma receita que teria corrido bem quando foi venenosa e vai trazer consequências para o país durante muitos anos".   

Sobre as listas do PS para as Europeias – que ainda não têm um rosto, ficando em aberto a hipótese de ser o próprio - considerou que é preciso decidir o mais rapidamente possível quem irá fazer parte e lembra que quando era líder do partido (2001/2005)  demorou muito tempo a convencer Sousa Franco para ser cabeça de lista.

Disse que lhe faz confusão um Governo que aumenta impostos e só fala em baixar os impostos, até ao ponto do Ministro da Economia dizer que quem emigrou vai voltar em 2014:"Pires de Lima deve estar a brincar connosco, não é?", ironizou.

O antigo líder do PS apela à necessidade de renovação dos interlocutores políticos, tanto em Portugal como na Europa, para que se “faça um balanço sério sobre o que foi este programa de ajustamento e propor crescimento e emprego", disse. Para Ferro Rodrigues, há uma distância entre eleitores e eleitos preocupante, mas essa situação pode alterar-se justamente com “novos protagonistas nacionais e internacionais", reforçou.

Ferro Rodrigues falou daquilo que considera ser uma "tentativa do Governo de envolver o PS num sistema de compromissos que seria uma forma de ligar o PS a esta governação". E avisa: "não pode haver nenhum compromisso com o PSD e o CDS, que são os agentes deste veneno, sem que haja eleições”, acrecentando que  “esse compromisso político deve ser bastante mais amplo".

Na entrevista à Antena 1, o socialista também apontou o dedo a Ollie Rehn. Acusa o Comissário Europeu de "desonestidade intelectual e política", até porque o próprio "teve participação activa" na criação do vários PEC's e no PEC4 que iam "evitar a necessidade, pelo menos naquele momento, de pedir ajuda".

Em relação às intervenções do FMI (Fundo Monetário Internacional), Ferro referiu que estas são prejudiciais à democracia, recordando outras intervenções de que o país foi alvo, em 1978 e 1983, quando "não se aproveitou esses programas, que também foram bastante fortes, para desmantelar o Estado Social em Portugal que está intimamente ligado à democracia política"