A comichão dos sete anos

Com o pior da crise a ficar para trás, precisamos mais de política do que de economia.

A tradução fiel do título original era "A Comichão dos Sete Anos", e a economia mundial parece estar um pouco como o personagem principal do filme de Billy Wilder. Ao fim de sete anos de crise, está cansada e precisa de uma nova relação.  O regresso do crescimento é o mantra que está a animar líderes políticos e económicos do mundo como Tom Ewell quando se cruza pela primeira vez com Marylin.

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A tradução fiel do título original era "A Comichão dos Sete Anos", e a economia mundial parece estar um pouco como o personagem principal do filme de Billy Wilder. Ao fim de sete anos de crise, está cansada e precisa de uma nova relação.  O regresso do crescimento é o mantra que está a animar líderes políticos e económicos do mundo como Tom Ewell quando se cruza pela primeira vez com Marylin.

A cimeira mundial de Davos começa hoje sob esse signo: 2014, o ano em que dissemos chega de crise, viva o crescimento. Antecipando o encontro, as previsões do Fundo Monetário Internacional apontam para um crescimento global de 3,7% este ano. Há ainda notícias de aceleração de crescimento no mundo desenvolvido e de abrandamento nas economias emergentes. Como se tudo tivesse voltado a ser como era e este ano voltasse a ser o da normalidade.

A crise do subprime estoirou há sete anos e há seis a falência do Lehman Brothers deixou a economia mundial à beira da glaciação financeira. Antecipou-se a morte do capitalismo, o fim da globalização e o triunfo dos países emergentes. Nada disso aconteceu. Mas a crise deixou marcas fortes que temperam a mensagem de optimismo e a satisfação por o pior já ter passado.

O clima mudou na economia mundial e isso tem ajudado Portugal num momento decisivo do programa de ajustamento. Mas as previsões do FMI continuam a falar em riscos na zona euro e referem os países da Europa do Sul como os casos mais complicados, neste contexto de recuperação global.

Há outros sinais amarelos. A crise acentuou a desigualdade, há incertezas quanto ao impacto do crescimento no emprego e é difícil dizer que os problemas do sistema financeiro, que precipitou a crise, estejam resolvidos. Mas para pensar em tudo isso, talvez precisemos agora de mais política e de menos economia. Estará Davos à altura do desafio?