Tarantino "traído" abandona o seu western depois de guião começar a circular em Hollywood
Realizador emprateleira The Hateful Eight depois de fuga de informação e aponta dedos e nomes dos suspeitos: os agentes dos actores Michael Madsen ou Bruce Dern.
Numa entrevista ao site Deadline, Tarantino disse terça-feira que soube que o seu agente estava a receber telefonemas de colegas que queriam os seus clientes no seu futuro filme. O realizador suspeita que tenha sido uma das seis pessoas a quem passou o argumento de The Hateful Eight, ou algum dos seus agentes, a deixá-lo escapar-se para os bastidores de Hollywood, escreve o site.
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Numa entrevista ao site Deadline, Tarantino disse terça-feira que soube que o seu agente estava a receber telefonemas de colegas que queriam os seus clientes no seu futuro filme. O realizador suspeita que tenha sido uma das seis pessoas a quem passou o argumento de The Hateful Eight, ou algum dos seus agentes, a deixá-lo escapar-se para os bastidores de Hollywood, escreve o site.
“Estou muito, muito deprimido. Acabei um guião, uma primeira versão, e só queria filmá-lo no próximo Inverno, daqui a um ano”, explicou Tarantino ao Deadline. As notícias de há um par de semanas davam conta de uma rodagem que poderia começar já no Verão deste ano. “Dei-o a seis pessoas, e aparentemente saiu [para outras mãos] hoje”, lamentou ainda o realizador.
Não é a primeira vez que Tarantino passa por uma experiência destas, visto que o seu guião para Sacanas sem Lei (2009) foi parar à Internet no Verão de 2008 e que, depois disso, o argumento oscarizado de Django Libertado (2012) também foi publicado online em Maio de 2011, quando o elenco para o filme que acabaria por ganhar o Óscar de Melhor Actor Secundário (Christoph Waltz) ainda não tinha sido escolhido. As fugas de informação não o irritam assim tanto, admitiu terça-feira. “Gosto do facto de que eventualmente toda a gente o publica, o percebe e o critica na Net”, assume. “Gosto que as pessoas gostem das minhas merdas e que se dêem ao trabalho de as encontrar e ler. Mas dei-o [o argumento deThe Hateful Eight] à merda de seis pessoas”, exaspera-se, considerando que esta sua decisão possa desencorajar mais fugas de informação tão precoces.
“Dei-o [o guião] a um dos produtores de Django Libertado, Reggie Hudlin, e ele deixou um agente ir a casa dele lê-lo. Isso é uma traição, mas não inutilizadora, porque o agente não ficou com o guião. Há uma malícia feia no resto [da história]”, diz Quentin Tarantino ao Deadline, justificando a sua desilusão. “Dei-o a três actores: Michael Madsen, Bruce Dern, Tim Roth”, conta o realizador. “Encontrámo-nos num sítio e pu-lo nas suas mãos. Tem de ser ou o agente do Dern ou do Madsen”, aponta. “Aquele que eu sei que não fez isto é o Tim Roth”, que trabalhou com o realizador em Cães Danados e Pulp Fiction. “Um dos outros deixou o seu agente lê-lo, e esse agente passou-o a toda a gente em Hollywood. Não sei como estes agentes de merda trabalham, mas não vou fazer isto a seguir”, avisa. “Vou publicá-lo, e para já é só. Dei-o a seis pessoas e se não posso confiar nelas a esse ponto, então não tenho vontade de o fazer.”
Quanto ao futuro, Tarantino anuncia: “Vou avançar para a próxima coisa. Tenho mais dez de onde este veio.” E não põe de parte The Hateful Eight, ao qual pode voltar, nem Bruce Dern, para quem gostaria de escrever um papel.
Quando se soube do novo projecto de Tarantino, fontes próximas do mesmo diziam que Christoph Waltz tinha um papel garantido no filme, mas agora Tarantino diz que o actor austro-alemão não está entre os suspeitos nesta fuga de informação, nem no rol do casting potencial. “Não o tinha dado ao Christoph, nem ao Sam Jackson”, disse ao Deadline sobre dois dos actores que tiveram papéis em vários dos seus filmes. Poucos dias depois da notícia sobre The Hateful Eight, Bruce Dern, em alta nesta temporada de prémios (e, no fundo, desde a estreia do filme no Festival de Cannes no ano passado) devido ao seu papel em Nebraska, de Alexander Payne, confirmava ter falado com Tarantino sobre o projecto. O produtor Harvey Weinstein, sob cuja alçada Tarantino lançou Pulp Fiction e que distribuiu todos os filmes do realizador, estava também já associado ao western.