Investigadora portuguesa criou o Intonaspacio, que é um instrumento musical
A investigadora portuguesa Mailis Rodrigues está à procura de fundos para levar a Atlanta o projecto inovador na área da música experimental
Interessada na ligação entre a tecnologia digital e a música, Mailis Rodrigues, actual investigadora e doutoranda da Escola de Artes da Universidade Católica do Porto, criou um instrumento em que o espaço se torna input da composição. Chamou-lhe Intonaspacio.
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Interessada na ligação entre a tecnologia digital e a música, Mailis Rodrigues, actual investigadora e doutoranda da Escola de Artes da Universidade Católica do Porto, criou um instrumento em que o espaço se torna input da composição. Chamou-lhe Intonaspacio.
O Intonaspacio junta espaço e aparelho electrónico como elemento de composição conjunta – que permite ao performer gravar o som ambiente da sala, incluindo as ressonâncias que a audiência produz, e até mesmo o som de outros instrumentos. Traz para a performance uma característica que outros músicos procuram normalmente evitar em concertos e espectáculos: a interferência do som ambiente e da localização do artista na qualidade do som e na forma como o espectador o interioriza.
Mailis Rodrigues tem formação na área de Som e Imagem (na ESAD, Caldas da Rainha) mas o interesse pela tecnologia e modelos matemáticos que trabalham o som surgiu em Grenoble, onde tirou o mestrado em Arte, Ciência e Tecnologia e estudou a síntese do som através de modelos físicos que recriam digitalmente o comportamento mecânico dos instrumentos musicais.
Este instrumento original tem a forma de uma bola com dois arcos ligados desde o topo ao fundo do aparelho e no seu interior estão três diferentes tipos de sensores: o acelerómetro, que mede a orientação e o tipo de gestos que o performer está a fazer; o de infravermelhos, que calcula a distância; e dois sensores piezos, que registam os picos de amplitude do som mediante o toque. Estes três sensores enviam sinais para um software que reconhece os sinais via wireless, particularidade que dá uma grande liberdade de movimento a quem o toca.
A acrescentar a estes sensores, o próprio revestimento da estrutura constitui um sensor têxtil, de pressão, que é cosido ao tecido e que produz som quando é pressionado.
O Intonaspacio é um dos semi-finalistas da competição Margaret Guthman, da Universidade Georgia Teh, nos EUA, que premeia ideias inovadoras de todo o mundo na área do design, engenharia e performance de instrumentos musicais.
A apresentação dos trabalhos decorre nos dias 20 e 21 de Fevereiro, em Atlanta. Se conseguir angariar a quantia que falta para apresentar o seu projecto, será uma das possíveis finalistas desta competição.