Qual das ciências é esta?
Estou grata pelo facto de não ter conseguido bolsa no ano passado. Cresci e aprendi que a ciência não se faz só como se faz em Portugal. A FCT tem muitas fragilidades mas em nenhum outro país a ciência depende única e exclusivamente de uma instituição
Quando, em 2013, concorri a uma bolsa de doutoramento em Portugal, a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) disse que não. Aparentemente, eu não tinha valor suficiente para que me fosse concedida uma bolsa. Nesse dia, de coração apertado, jurei a mim mesma que sairia de Portugal. Chorei. Fiz das tripas coração e três meses depois estava a viver fora e tinha conseguido uma bolsa de doutoramento sozinha. Alguém acreditou em mim, alguém me fez acreditar que afinal talvez tivesse valor. Independentemente disso continuava de orgulho ferido porque o meu país não reconheceu o meu valor.
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Quando, em 2013, concorri a uma bolsa de doutoramento em Portugal, a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) disse que não. Aparentemente, eu não tinha valor suficiente para que me fosse concedida uma bolsa. Nesse dia, de coração apertado, jurei a mim mesma que sairia de Portugal. Chorei. Fiz das tripas coração e três meses depois estava a viver fora e tinha conseguido uma bolsa de doutoramento sozinha. Alguém acreditou em mim, alguém me fez acreditar que afinal talvez tivesse valor. Independentemente disso continuava de orgulho ferido porque o meu país não reconheceu o meu valor.
Então pus mãos à obra, escrevi o meu projecto com o apoio do meu actual supervisor, submeti, candidatei-me uma vez mais, desta vez a uma bolsa integralmente no estrangeiro. Não porque precisasse mas por orgulho. Não só me foi atribuída uma bolsa como fui a melhor classificada a nível nacional na minha área com 4,74 valores num total de 5. Chorei. Desta vez de alegria. Soube bem o reconhecimento. O que é que mudou? Já não estou em Portugal. Não sou boa nem má, sou o que sou, hoje um bocadinho mais orgulhosa por me ter sido dado valor. Triste por ter tido que sair do meu querido país para que isso acontecesse.
Apesar de tudo, estou grata pelo facto de não ter conseguido bolsa no ano passado, foi o empurrão que precisava para crescer. Cresci e aprendi que a ciência não se faz só como se faz em Portugal. A FCT tem muitas fragilidades mas em nenhum outro país a ciência depende única e exclusivamente de uma e uma só instituição. É insustentável.
Saí de Portugal desiludida e de coração apertado mas com uma vontade enorme de mostrar o que valemos. É este o meu objectivo e é a esta vontade orgulhosa que me agarro quando a saudade aperta e o coração amolece.