Nova descarga de efluentes de suiniculturas na Ribeira dos Milagres
O ano de 2014 não trouxe nenhuma alteração ao panorama de descargas sistemáticas neste ribeiro. GNR vai investigar.
"Hoje as coisas são mais visíveis, devido à diminuição do caudal. Apercebi-me de que havia espuma branca, além do cheiro, indicativos de uma descarga de efluentes suinícolas", disse à agência Lusa o porta-voz da comissão, Rui Crespo.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
"Hoje as coisas são mais visíveis, devido à diminuição do caudal. Apercebi-me de que havia espuma branca, além do cheiro, indicativos de uma descarga de efluentes suinícolas", disse à agência Lusa o porta-voz da comissão, Rui Crespo.
O responsável adiantou que, nos últimos dias, devido à forte pluviosidade, "houve descargas intensas", mas como "o caudal era imenso, os efluentes apresentam-se mais diluídos". "As descargas, em boa verdade, têm sido sistemáticas e só não têm sido objecto de denúncia às autoridades policiais porque são pouco visíveis", esclareceu, avisando que a "comissão continua atenta" e a alertar "o poder político" para o facto de a situação na ribeira dos Milagres "estar rigorosamente igual ao passado".
À agência Lusa, fonte da GNR adiantou que recebeu a participação da comissão e vai enviar uma equipa ao local.
As descargas para a ribeira dos Milagres ocorrem há várias décadas, prevendo-se que o problema seja resolvido com a construção de uma estação de tratamento de efluentes suinícolas (ETES). A 28 de junho de 2013, a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, presidiu à assinatura de um protocolo que previa construir a ETES em dois anos, obra no valor de 20 milhões de euros.
A obra foi aprovada como Projeto de Interesse Nacional (PIN) e vai ser alvo de uma candidatura a fundos comunitários, cuja comparticipação deverá rondar os 50% do valor do investimento, informou na ocasião Assunção Cristas. O protocolo envolve o Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, SIMLIS, empresa responsável pelo Sistema Multimunicipal de Saneamento do Lis, as autarquias da Batalha, Porto de Mós e Leiria, bem como as entidades promotoras -- Recilis, Fomentinvest e a Luságua -- que ficarão responsáveis pela construção, instalação e exploração da estação.
Em causa está a construção de uma estrutura que terá a capacidade de receber e tratar cerca de 1.500 metros cúbicos de efluentes de suiniculturas de concelhos da região de Leiria. Dados da Agência Portuguesa do Ambiente revelam que nos últimos anos a "qualidade das águas superficiais na bacia do Lis revelam sistematicamente que a qualidade é 'Má' ou 'Muito Má', por regra em parâmetros associados a rejeições orgânicas" oriundos do setor da pecuária.