Marcelo diz que Passos o quis excluir de candidato a Belém

Ao definir o perfil de candidato a Presidente da República que não quer, Pedro Passos Coelho inviabiliza o nome de Marcelo Rebelo de Sousa. O comentador diz que "não é surpresa" mas avisa que o líder do PSD só o faz porque já pensa na vitória nas legislativas.

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Marcelo Rebelo de Sousa defende que portugueses não merecem uma greve dos médicos Pedro Cunha (arquivo)

O antigo líder social-democrata diz que esta atitude de Passos “não é surpresa” e defende que o presidente do PSD e primeiro-ministro só agiu assim porque está já confiante numa vitória nas eleições legislativas de 2015. Passos agiu “no pressuposto de que está muito forte em relação às legislativas e portanto, também está muito forte nas suas opções presidenciais”. A que se soma outra parcela: há a hipótese de Durão Barroso “sobrar de lugares internacionais” e passar a ser uma “hipótese forte a encarar” para o lugar de Presidente – e Passos estará a contar precisamente com isso.

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O antigo líder social-democrata diz que esta atitude de Passos “não é surpresa” e defende que o presidente do PSD e primeiro-ministro só agiu assim porque está já confiante numa vitória nas eleições legislativas de 2015. Passos agiu “no pressuposto de que está muito forte em relação às legislativas e portanto, também está muito forte nas suas opções presidenciais”. A que se soma outra parcela: há a hipótese de Durão Barroso “sobrar de lugares internacionais” e passar a ser uma “hipótese forte a encarar” para o lugar de Presidente – e Passos estará a contar precisamente com isso.

“Os indicadores económicos e financeiros passaram a ser positivos, os indicadores passaram a mostrar uma grande colagem de intenção de voto já nas europeias. Passos acha que isso vai melhorar daqui até às legislativas”, descreveu Marcelo. A que soma o facto de a Europa, como um todo também estar a melhorar. “Isto significa que na cabeça dele já ganhou as legislativas ou pode ganhá-las, o que era impossível há oito meses ou um ano”, diz o comentador, para explicar este à vontade de Passos. “E se pode ganhar as legislativas [de 2015], pode definir o perfil do Presidente que quer e o que não quer, ou seja, o perfil de candidato que quer apoiar e o que não quer apoiar” às presidenciais de Janeiro de 2016.

Na sua moção, Passos diz que o Presidente deve “comportar-se mais como um árbitro ou moderador, movendo-se no respeito pelo papel dos partidos mas acima do plano dos partidos, evitando tornar-se numa espécie de protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes ou num catavento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político”. O retrato assenta na perfeição em Marcelo.

“Ele defende um perfil de Presidente da República que é um perfil não interventor, um perfil parlamentar, discreto, não mediático, não popular”, resume Marcelo Rebelo de Sousa, que vinca que se as perspectivas eleitorais do PSD estivessem mais fracas, Passos não seria sobranceiro e tolerava apoiar um candidato de que não gostasse mas que tivesse nitidamente hipóteses de ganhar. Passos “não define um perfil pela positiva, mas sim pela negativa”.

Questionado pela jornalista Judite de Sousa, Marcelo deixou transparecer que, assim, não avançará. Aliás, recordou que há uns meses apenas admitiu esse cenário por “dever de consciência”, se na área do centro-direita faltassem ou fossem poucos os candidatos. Agora, diz, “a questão está resolvida quando o líder do partido mais importante da área diz que essa candidatura nem vale a pena ponderar como dever de consciência porque é indesejável”.

Marcelo argumenta “não fazer sentido” ter a mesma atitude de Manuel Alegre, com uma “candidatura antecipada para ir a correr antes de o partido indicar o apoio a um candidato” e depois dividir o eleitorado e dar a vitória a outro.

O antigo líder social-democrata avisa que esta foi uma atitude de quem “parte do princípio de que tudo vai correr bem” e diz que, no lugar de Passos, tinha feito o que fez Paulo Portas: “Não me comprometia, deixava em aberto as hipóteses para depois decidir mais tarde. Não excluía nem incluía ninguém.” E se quisesse excluir, “pegava no telefone” e diria ao eventual candidato: “Desampare a loja!”