Ligação de Branquinho ao sector da saúde vem de longe

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Nélson Garrido

Agostinho Branquinho garante que até se tornar seu consultor, em 2006, nunca teve com ele “qualquer relação comercial ou empresarial”. No final do ano seguinte, Joaquim Teixeira tornou-se administrador único de uma empresa de publicidade, a NTM, que passou a funcionar nas instalações da PMV. Branquinho tinha sido o seu único proprietário até 2003 e manteve-se ligado a ela até à sua falência em 2012.

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Agostinho Branquinho garante que até se tornar seu consultor, em 2006, nunca teve com ele “qualquer relação comercial ou empresarial”. No final do ano seguinte, Joaquim Teixeira tornou-se administrador único de uma empresa de publicidade, a NTM, que passou a funcionar nas instalações da PMV. Branquinho tinha sido o seu único proprietário até 2003 e manteve-se ligado a ela até à sua falência em 2012.

Ainda a propósito destas duas empresas, registe-se que o cargo de “fiscal único” de ambas passou a ser desempenhado em 2007 por Virgílio Macedo, actual deputado na Assembleia da República e líder do PSD no distrito do Porto. Nessa altura, e até entrar para o actual Governo, o presidente da assembleia geral da NTM era o advogado José Pedro Aguiar-Branco, agora ministro da Defesa.

Pouco mais de uma década depois de ter deixado o Hospital de Gaia, Branquinho, que se licenciara em História, em 1981, voltou ao sector da saúde, em 1993, mas já como administrador não executivo do Hospital da Prelada. A gestão desta unidade de saúde pública tinha sido entregue pelo primeiro Governo de Cavaco Silva à Misericórdia do Porto cinco anos antes. Nesse mesmo período, 1993-1995, foi também administrador não executivo e secretário-geral da Misericórdia do Porto.

O interesse do ex-deputado (primeiro mandato de 1983 a 1985) pelo negócio da saúde aparece depois documentado no Diário da República, que dá conta, em Outubro de 2000, da criação da Nortevital, uma empresa que abriu várias clínicas dentárias na zona do Porto.

Os sócios fundadores foram Agostinho Branquinho, que ficou como gerente, Rui Rio (ex-presidente da Câmara do Porto), José Pedro Aguiar-Branco e Diogo Gandra, um gestor que foi igualmente nomeado gerente.

A sociedade acabou por desfazer-se ao fim de três anos, com Diogo Gandra e outros sócios a comprarem as quotas de Branquinho, Rio e Aguiar-Branco. Nessa altura, Diogo Gandra, que ainda hoje é um dos donos da empresa, era administrador dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento do Porto e da Sociedade dos Transportes Colectivos do Porto por indicação de Rui Rio.

O regresso de Branquinho à saúde, em termos profissionais, acontece em 2006, ano em que, segundo ele, começou a trabalhar como consultor da PMV — ao mesmo tempo que cumpria, desde 2005, o seu segundo mandato de deputado.

Após o seu abandono da Assembleia da República, em 2010, para ocupar o lugar de administrador da empresa Ongoing no Brasil, Branquinho voltou a Portugal em 2012 e foi nomeado administrador da Misericórdia do Porto. A sua passagem por este lugar executivo durou apenas oito meses e em Julho do ano passado tomou posse como secretário de Estado da Segurança Social, substituindo Marco António Costa, ex-vice-presidente das câmaras de Valongo e Gaia.

Por essa altura ficou-se a saber que o Governo tinha decidido entregar, sem concurso público, a gestão do Centro de Reabilitação do Norte à Misericórdia do Porto. A nova unidade de saúde de Vila Nova de Gaia tinha custado aos cofres do Estado 32 milhões e estava pronta para abrir desde Julho de 2012.