Governo avança para a concessão da Silopor à ETE

Despacho que faltava para concretizar a concessão da empresa de descarga e armazenagem de cereais foi finalmente assinado.

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A Silopor tem dois terminais portuários em Portugal Daniel Rocha

O despacho, agora assinado, não produz efeitos práticos até que a Autoridade da Concorrência se pronuncie sobre o negócio, que vai render 40 milhões de euros ao Estado este ano e, ao longo dos 25 anos de concessão, um total de 168 milhões de euros. O encaixe previsto para este ano faz parte das receitas extraordinárias previstas pelo Governo no Orçamento do Estado para 2014, num valor global de 419 milhões de euros.

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O despacho, agora assinado, não produz efeitos práticos até que a Autoridade da Concorrência se pronuncie sobre o negócio, que vai render 40 milhões de euros ao Estado este ano e, ao longo dos 25 anos de concessão, um total de 168 milhões de euros. O encaixe previsto para este ano faz parte das receitas extraordinárias previstas pelo Governo no Orçamento do Estado para 2014, num valor global de 419 milhões de euros.

Uma vez assinado o despacho, a concessão à ETE terá ainda de ser aprovada em Conselho de Ministros e as bases do contrato terão de ser reflectidas num decreto-lei. Além disso, a Autoridade da Concorrência também terá de se pronunciar, até porque, com este negócio, o concessionário passará a controlar o mercado das importações de cereais. Só com o aval do regulador é que o processo avançará definitivamente.

A Silopor tem três estruturas de armazenamento de cereais, incluindo dois terminais portuários (Beato, em Lisboa, e Trafaria), essenciais ao abastecimento do país. De acordo com Abel Vinagre, presidente da comissão liquidatária, Portugal importa cerca de 80% das suas necessidades de cereais e a quase totalidade chega por via marítima. A Silopor tem uma quota de 50% deste mercado de descarga e armazenamento e, pela empresa, passam entre 2,2 milhões a 2,5 milhões de toneladas de cereais e oleaginosas por ano.

O primeiro concurso para a concessão da actividade da Silopor foi lançado em Março de 2003 e arrancou com a cedência das infra-estruturas que, na altura, existiam em Leixões. Nas Grandes Opções do Plano do Governo para 2004, liderado por Durão Barroso, já estava previsto o lançamento (em Setembro desse ano) do concurso para a actividade da Silopor em Lisboa. Mas o acto formal só veio a acontecer em Junho de 2007 - ano em que finalmente se formalizou a concessão de Leixões à Sogestão, de Manuel Champalimaud.

Os silos e terminais do Beato e da Trafaria chamaram a atenção de seis empresas (Terminal Multiusos do Beato, consórcio Mota-Engil/Socarpor/Tertir, Nutrinvest, Ership, Sogestão e ETE) e, no início de 2011, a Comissão de Acompanhamento do Concurso propôs ao Executivo de José Sócrates a adjudicação à ETE, um dos operadores históricos do sector portuário, fundada em 1936. O concurso esteve longe de ser pacífico e, como conta Abel Vinagre, desde o dia de abertura das propostas as empresas digladiaram-se nos tribunais, com providências cautelares “uns contra os outros”. No final de 2012, a comissão de liquidação manteve a classificação inicial depois de ter analisado de novo toda a documentação a pedido do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, na sequência da contestação feita pelo consórcio liderado pela Mota-Engil.

De acordo com o último relatório e contas, em 2012 obteve um resultado líquido de 1,6 milhões de euros e receitas totais de mais de 15,4 milhões. O saldo da dívida à Direcção Geral do Tesouro e Finanças de 45 milhões de euros - herdada da EPAC, a Empresa Pública de Abastecimento de Cereais que foi extinta na sequência da adesão de Portugal à União Europeia e que deu origem à Silopor – situava-se nos 13 milhões de euros. Actualmente, ronda os nove milhões de euros.