Ilustrarte inaugura-se nesta quinta-feira com seis portugueses seleccionados

A VI Edição da Ilustrarte — Bienal Internacional de Ilustração para a Infância é inaugurada nesta quinta-feira no Museu da Electricidade, em Lisboa. Seis portugueses foram seleccionados entre cerca de dois mil candidatos de 72 países. Se a ilustração está na moda, a portuguesa está em alta.

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“Pode dizer-se que a ilustração em Portugal está em alta. É quase um lugar-comum dizer isto. Está tão na moda, fala-se tanto, que se ouve dizer que a ilustração em Portugal está num momento de grande qualidade”, afirma Eduardo Filipe, comissário da Ilustrarte em parceria com Ju Godinho.

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“Pode dizer-se que a ilustração em Portugal está em alta. É quase um lugar-comum dizer isto. Está tão na moda, fala-se tanto, que se ouve dizer que a ilustração em Portugal está num momento de grande qualidade”, afirma Eduardo Filipe, comissário da Ilustrarte em parceria com Ju Godinho.

“Há um conjunto de ilustradores nacionais de primeiríssima qualidade e a prova disso é que são sistematicamente seleccionados para as mais variadas mostras internacionais e ganham concursos”, diz ao PÚBLICO momentos antes de participar no I Colóquio de Ilustração da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, realizado a 8 de Janeiro.

Para esta projecção internacional dos ilustradores portugueses, contribuíram algumas exposições colectivas realizadas nos últimos anos e que viajaram por várias cidades europeias, por exemplo a .PT (2008) e Como as Cerejas (2012), e também as anteriores edições da Ilustrarte, que sempre integraram trabalhos nacionais.

Portugal ter sido o país convidado da Feira Internacional do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha, em 2012, e da Feira do Livro de Bogotá, em 2013, ajudou igualmente na divulgação e reconhecimento dos artistas portugueses. O mesmo se pode dizer da eleição da Planeta Tangerina (dedicada ao livro ilustrado) como melhor editora europeia na Feira de Bolonha de 2013.
Eduardo Filipe sublinha a forte participação nacional na Ilustrarte, que a partir desta quinta-feira, dia 16 de Janeiro, e até 13 de Abril mostra 150 trabalhos de 50 ilustradores de todo o mundo, escolhidos por um júri internacional.

“Entre os 50 seleccionados de [cerca de] dois mil candidatos, seis são portugueses. Claro que o número de candidatos portugueses é necessariamente elevado, uma vez que a bienal é portuguesa, mas não é uma consequência directa disso”, explica. “Os seis seleccionados apresentaram trabalhos que, claramente, o júri que fez a selecção gostou. E gostou muito. Estão lá de pleno direito. Não por a bienal ser portuguesa.”

Fizeram parte do júri Chiara Carrer (ilustradora italiana), Carll Cneut (ilustrador belga), Valerio Vidali (ilustrador italiano, vencedor da Ilustrarte 2012) e Ewa Stiasny (editora e designer polaca).

Em rigor, houve 1983 ilustradores a concurso nesta edição, sendo os países mais representados Portugal (391), Itália (309), Espanha (241), Irão (139), França (121) e Polónia (83). A vencedora foi a alemã Johanna Benz e as duas menções especiais atribuídas ao ilustrador argentino Diego Bianki e à ilustradora polaca Urszula Palusinska. Os seis portugueses com trabalhos expostos são Ana Ventura, André da Loba, Bernardo Carvalho, João Vaz de Carvalho, Marta Monteiro e Teresa Lima.

De que é que falamos quando falamos de ilustração?
Para a alemã Johanna Benz, premiada na presente edição e que se considera “desenhadora”, “ilustrar é fixar em imagens aquilo que as palavras nos sugerem”, ou seja, “é uma tradução gráfica e artística da história que se quer contar, mas a que se pode sempre acrescentar qualquer coisa”.

Divertida, diz ao PÚBLICO que “os livros ilustrados são bons para mentir”. Mesmo partindo de “um facto, de uma verdade, há liberdade de imaginar e inventar, tanto no texto como na imagem”. Em Lisboa pela primeira vez, ganhou esta bienal com três desenhos para um livro que tem como protagonista o acordeonista colombiano Pacho Rada, que morreu em 2003. “Nunca estive na Colômbia. Aliás, nunca saí da Europa. Mas, mesmo fechada no meu quarto, poderei sempre criar um mundo qualquer”, diz Johanna Benz, de 27 anos.

Sobre os seus trabalhos, os comissários escrevem no catálogo: “São imagens de grande originalidade e força plástica, uma verdadeira festa de cor, editadas em livro pelo prestigiado Instituto das Artes do Livro de Leipzig.”
Para Eduardo Filipe, “o que define ilustração são imagens que nos contam histórias; na prática, qualquer obra de arte que tenha uma narrativa pode ser usada como ilustração”.

Paralelamente à exposição da bienal (concebida por Isabel Diniz e Pedro Cabrito), há a mostra individual de Chiara Carrer, uma retrospectiva do seu trabalho de 25 anos, e uma exposição de livros para a infância do escritor José Jorge Letria, que celebrou recentemente 40 anos de carreira literária.

Ilustrarte — Bienal Internacional de Ilustração para a Infância
Museu da Electricidade: Avenida de Brasília/Central Tejo, Lisboa
De terça a domingo, das 10h às 18h, até 13 de Abril. Entrada livre.