Egípcios referendam Constituição sob fortes medidas de segurança

Resultado pode determinar candidatura presidencial do actual homem-forte do país, o chefe das Forças Armadas, general Abdel Fattah al-Sisi.

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Cinco pessoas morreram em incidentes ocorridos já nesta terça-feira, segundo a BBC. Três perderam a vida em confrontos com forças de segurança na cidade de Soha, no Alto Egipto, e outra em Nahia, no bairro de Giza, Cairo. Uma quinta pessoa morrreu num protesto anti-referendo, em Bani Suef, a sul da capital, informou o governador local.

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Cinco pessoas morreram em incidentes ocorridos já nesta terça-feira, segundo a BBC. Três perderam a vida em confrontos com forças de segurança na cidade de Soha, no Alto Egipto, e outra em Nahia, no bairro de Giza, Cairo. Uma quinta pessoa morrreu num protesto anti-referendo, em Bani Suef, a sul da capital, informou o governador local.

Duas horas antes do início da votação, explodiu uma bomba artesanal junto a um tribunal do Cairo. A explosão, no bairro de Imbaba, no sudoeste da capital, não causou vítimas. Danificou a fachada e partiu vídeos do edifício, segundo um repórter da AFP.

Para os dois dias do referendo foi montada uma operação de segurança. O ministério do Interior informou, segundo a BBC, que foram mobilizados 200 mil polícias e 200 grupos de combate. As Forças Armadas anunciaram que responderão com firmeza a qualquer tentativa para perturbar o referendo.

O referendo — que decorre terça e quarta-feira — deve ser a primeira etapa de uma “transição democrática” prometida pelos militares. Analistas ouvidos pela Reuters consideram que a dimensão da esperada vitória do “sim” determinará uma eventual candidatura presidencial do actual homem-forte do país, o chefe das Forças Armadas, general Abdel Fattah al-Sisi.

É a terceira vez que os egípcios votam alterações constitucionais e a sexta que vão às urnas desde o derrube do antigo ditador Hosni Mubarak, no início de 2011. A Irmandade Muçulmana, a que pertence Mohamed Morsi, que classifica o afastamento do Presidente como um golpe de Estado, apela ao boicote ao referendo.

O novo texto da Constituição, para substituir a que foi aprovada durante a presidência de Morsi, determina que os partidos não podem ser formados com base na “religião, raça, género ou geografia”, o que, na prática, leva à proibição de partidos religiosos. O Partido Liberdade e Justiça, expressão partidária da Irmandade, ganhou todas as eleições desde o derrube de Mubarak. A constituição que está a ser referendada reforça também, segundo os críticos, os poderes do Exército.

Se o referendo for aprovado, será seguido de eleições legislativas e presidenciais.

O general Sisi já admitiu a possibilidade de uma candidatura presidencial mas fê-la depender de um “palpável movimento popular” a favor da sua eleição e do apoio militar. “Se me candidatar a Presidente, será em resposta a um pedido do povo e a uma ordem do meu Exército”, disse.

O afastamento de Morsi ocorreu na sequência de gigantescas manifestações que pediam a sua demissão. Os conflitos internos acentuaram-se como nunca desde a queda de Mubarak. Foram mortos centenas de islamistas e têm-se multiplicado atentados. A Irmandade é considerada pelas actuais autoridades uma “organização terrorista”. A maioria dos seus dirigentes estão presos.