Sharon, "o homem que protegeu Israel como um leão", foi enterrado a poucos quilómetros de Gaza
Vice-presidente dos EUA e Tony Blair foram das poucas personalidades políticas internacionais presentes.
A despedida às portas do Parlamento israelita, durante a manhã, serviu para ouvir palavras de reconhecimento pelo Ariel Sharon "guerreiro" – nos campos de batalha, mas também à mesa de negociações.
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A despedida às portas do Parlamento israelita, durante a manhã, serviu para ouvir palavras de reconhecimento pelo Ariel Sharon "guerreiro" – nos campos de batalha, mas também à mesa de negociações.
"As minhas reuniões com Arik Sharon eram difíceis", recordou Tony Blair. "Ele lia as suas notas com a posição de Israel e repetia-a várias vezes. Eu dizia-lhe que percebia o que ele estava a dizer, e ele respondia: "OK, mas em caso de dúvidas, vou ler tudo outra vez."
Em todos os discursos – de Tony Blair a Joe Biden, do Presidente Shimon Peres ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu – Sharon foi elogiado como "o ombro sobre o qual a segurança nacional podia descansar", "o homem que protegeu Israel como um leão" e "um dos maiores generais que o povo judeu conheceu".
Foi Tony Blair, enviado especial do Quarteto para o Médio Oriente, quem se encarregou de descrever Ariel Sharon numa frase que resume o misto de ódio e admiração que sempre o acompanhou em vida: "Ele não procurava a paz como um sonhador, mas sonhava com a paz e com o fim da guerra."
Sem nunca se referir directamente aos acontecimentos que fizeram de Ariel Sharon um dos nomes mais odiados no mundo árabe, como o massacre nos campos palestinianos de Sabra e Shatila, no Líbano, o antigo primeiro-ministro britânico disse que o homem conhecido como Bulldozer "deixou destroços consideráveis à sua passagem". Tudo por "uma ideia" – a de que o povo judeu, "tantas vezes vítima de injustiça e perseguições, deve ter um Estado em que pode ser independente e livre, sem medo de ninguém e igual a todos os outros."
Depois dos discursos oficiais no Parlamento, em Jerusalém, o caixão de Ariel Sharon, coberto com a bandeira de Israel, foi levado para o rancho da família, no norte do deserto do Negev, perto da cidade de Sderot. Os milhares de cidadãos anónimos e as altas personalidades presentes no funeral levaram as autoridades israelitas a estabelecerem um forte dispositivo de segurança.
A poucos quilómetros dali, uma parada militar das forças do Hamas marcava o 5.º aniversário da ofensiva israelita na Faixa de Gaza, conhecida como operação Chumbo Derretido num dos lados da fronteira e como massacre de Gaza no outro. Em três semanas, entre Dezembro de 2008 e Janeiro de 2009, foram mortos mais de 1400 palestinianos e 13 israelitas, segundo os números das Nações Unidas, numa operação que teve como objectivo travar o lançamento de rockets pelo Hamas para território de Israel.
Nesta segunda-feira, pouco depois do funeral de Ariel Sharon, dois rockets caíram em campo aberto, nas proximidades do rancho da família do antigo primeiro-ministro, sem causar vítimas nem prejuízos materiais, segundo informações avançadas pelas autoridades de Israel. O jornal Jerusalem Post avançou que a Força Aérea israelita respondeu com ataques contra "um complexo militar" e "uma infra-estrutura terrorista", sem avançar mais informações.