Chegou a factura da nova lei do aborto
A nova lei do aborto está a fazer a Rajoy aquilo que a austeridade e o caso Bárcenas não fizeram.
A sondagem publicada ontem pelo jornal espanhol El País é um sinal claro para o Governo de Mariano Rajoy, que parte para as eleições europeias de máquina de calcular na mão. O PP surge com 32% das intenções de voto (menos 12,6 pontos face às eleições de Novembro de 2011) e os socialistas do PSOE assumem a dianteira com 33,5%.
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A sondagem publicada ontem pelo jornal espanhol El País é um sinal claro para o Governo de Mariano Rajoy, que parte para as eleições europeias de máquina de calcular na mão. O PP surge com 32% das intenções de voto (menos 12,6 pontos face às eleições de Novembro de 2011) e os socialistas do PSOE assumem a dianteira com 33,5%.
Apesar de ainda estarmos no domínio do chamado empate técnico, a verdade é que o novo projecto de lei do aborto em Espanha, que a oposição classifica, e bem, como um “retrocesso de 30 anos”, está a provocar estragos na popularidade do PP, não obstante esta ter sido uma promessa eleitoral. E se dúvidas houvesse em relacionar os números da sondagem com o impacto mediático da nova lei, basta olhar para a popularidade do ministro da Justiça, Alberto Ruiz-Gallardón, que tem dado a cara pela nova lei e que aparece com o pior resultado de todos os ministros.
Se o objectivo de Rajoy era agradar à ala mais conservadora do partido, talvez esteja a conseguir. Está é a perder o centro. E a um ritmo que nem o caso Bárcenas ou a austeridade imposta aos espanhóis conseguiram.
O projecto de lei (o PP tem a maioria no Parlamento) vai anular a lei de 2010 de Zapatero que autorizava o aborto até às 14 semanas e até às 22 semanas em caso de malformação do feto. A nova lei (que até em casos de violação se pede à mulher que tenha apresentado antes uma queixa) encontra eco em muitos católicos espanhóis que dizem estar a lutar contra a “sufocante atmosfera intelectual e mediática”.
A consequência política está a vista, e que o diga o Governo de Mariano Rajoy. A consequência social não vai estar tanto à vista: as mulheres com menos recursos que interrompem a gravidez pondo em risco a sua vida e o regresso das viagens das espanholas a França e a Inglaterra.